Você vê azul ou roxo? O truque óptico que divide a internet
Uma ilusão simples está dividindo a internet: nove pontos sobre um fundo roxo escuro. A pergunta é simples, mas perturbadora: os pontos são azuis ou roxos? No Reddit, a discussão já acumula quase 5 mil votos positivos e mais de 500 comentários. Alguns leitores juram: “definitivamente violeta”. Outros insistem: “eles são todos roxos”. Um comentário curioso resume a confusão: “Meus olhos estão ficando loucos... acho que não vou dormir hoje.” O criador dessa ilusão é o Dr. Hinnerk Schulz-Hildebrandt, da Harvard Medical School. Ele explica que os pontos realmente são roxos sobre um fundo azul-esverdeado. O truque funciona quando você segura o celular a cerca de 30 cm do rosto e olha para cada ponto individualmente: apenas o ponto no centro da sua visão deve aparecer roxo. Essa é a ideia central: a cor roxa não é uma cor espectral; ela surge quando o cérebro combina sinais dos cones da retina. O resultado é que somente o ponto que você encara diretamente parece roxo, enquanto os outros parecem azuis, dependendo do contexto de onde você olha.
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Como funciona: o foco determina a cor
Na prática, os pontos são roxos sobre fundo azul. Ao fixar o olhar no centro de um ponto, ele fica roxo; os demais parecem azuis. O fenômeno mostra como o cérebro constrói a cor. O roxo é gerado pela combinação das cones L (vermelho) e S (azul) ativadas no córtex visual; não é um tom único no espectro, mas uma percepção cerebral. Essa percepção é sensível ao fundo e à posição na visão. O roxo fica mais estável no centro; na periferia pode parecer mais azul. O efeito é parte de um conjunto maior de ilusões de cor que incluem o The Dress, que desperta debates sobre o que é azul e preto ou roxo e dourado para algumas pessoas.
Variações fascinantes da ilusão: 360 pontos e o poema que some
Em outra variação, 360 pontos roxos são distribuídos no mesmo fundo azul. Mantendo o celular a cerca de 10 cm do rosto e movendo-o gradualmente para longe, mais pontos vão mudando de azul para roxo à medida que a área de foco se amplia. Na versão final, Schulz-Hildenbrandt criou um “poema que some” usando texto em roxo e azul. Ao segurar o telefone perto do rosto e ler com atenção, a palavra que você está lendo fica roxa, enquanto o restante do texto fica azul e some no fundo. Ele descreve tudo como uma “ilusão de fixação e distância”: o que vemos depende de onde olhamos e de quão perto estamos.
A ciência por trás: por que o roxo não é uma cor espectral única
Roxo não tem comprimento de onda único. A cor aparece no cérebro quando uma combinação de cones L (vermelho) e S (azul) é ativada; o roxo é produzido no córtex visual, não na retina. Esse fenômeno é sensível ao contexto e pode ser influenciado por fatores psicológicos. É o mesmo “efeito contraste de cor” por trás de muitas ilusões, inclusive o vestido preto e azul ou roxo e dourado para algumas pessoas. É mais fácil ver roxo no centro da visão do que na periferia, especialmente quando o fundo é azul. Colocar roxo sobre azul ajuda o cérebro a gerar o tom roxo apenas no que está focado. Além disso, a ilusão Delboeuf ajuda a entender como o contexto altera percepção. Quando um ponto fica cercado por um anel grande, ele parece menor do que o mesmo ponto cercado por um anel pequeno. Delboeuf foi descrito em 1865 por Joseph Remi Leopold Delboeuf.
Aplicações e implicações: o que aprendemos sobre percepção
A ilusão Delboeuf mostra que o tamanho percebido pode depender do contexto. Em termos de alimentação, a teoria do prato diz que pratos menores enganam as pessoas para pensarem que comem mais. Pesquisas recentes sugerem, porém, que quando as pessoas estão com fome, conseguem identificar porções com precisão, independentemente do tamanho do prato. A fome parece estimular um processamento analítico mais forte que não se deixa enganar pelas ilusões. Essas ilusões aparecem em muitos contextos e lembram que a percepção não é apenas uma cópia fiel do mundo — é uma construção do cérebro que reage a foco, contraste e necessidades fisiológicas.