Vacina nanopartícula que pode impedir múltiplos tipos de câncer em camundongos deixa a ciência em choque
Pesquisadores criaram uma vacina experimental baseada em nanopartículas que pode prevenir ou retardar vários tipos de câncer em camundongos. Em melanoma, 80% dos animais vacinados permaneceram sem tumor por 250 dias — o tempo total do estudo. Em contraste, todos os camundongos não vacinados ou vacinados com formulação sem nanopartículas desenvolveram tumores, e nenhum viveu além de 35 dias. A equipe afirma que a vacina permite ao sistema imune produzir células T capazes de reconhecer e atacar células de melanoma, aumentando as chances de sobrevivência. As metástases, em todas as formas, são o maior obstáculo para o câncer.
In This Article:
Como funciona: nanopartículas que acionam o sistema imune em várias vias
Os pesquisadores descrevem o mecanismo: as nanopartículas contêm adjuvantes — substâncias que modulam ou aumentam a resposta imune — e peptídeos de melanoma, que são sequências curtas de aminoácidos reconhecíveis pelo corpo, encapsulados dentro de lipídios.\n\nEssa configuração permite que o sistema imune seja ativado por múltiplos caminhos, em conjunto com antígenos específicos do câncer, levando à produção de células T capazes de reconhecer e atacar tumores de forma mais eficaz.\n\n“Ao engenharmos essas nanopartículas para ativar o sistema imune via ativação multi-vias que se combinam com antígenos específicos do câncer, podemos prevenir o crescimento de tumores com taxas de sobrevivência notáveis”, afirmou Atukorale.
Resultados-chave em diferentes tipos de câncer
Em melanoma, 80% dos camundongos vacinados permaneceram sem tumor por 250 dias, enquanto os não vacinados desenvolveram tumores e viveram, em média, no máximo 35 dias.\n\nEm um experimento separado, 88% dos camundongos vacinados expostos ao câncer de pâncreas rejeitaram o tumor; 75% e 69% dos camundongos expostos a câncer de mama e melanoma resistiram, respectivamente.\n\nA vacina estimulou o sistema imune a produzir células T específicas para o tumor, capazes de reconhecer e atacar as células cancerígenas com mais eficiência.
Impactos potenciais, memória imune e próximos passos
Os autores destacam que as respostas de células T específicas para o tumor são a chave para o benefício observado na sobrevida.\n\n“Existe uma ativação imune intensa quando se tratam células imunes inatas com essa formulação, o que dispara a apresentação de antígenos e a ativação de células T que combatem tumores.”\n\n“Além disso, a memória imune pode ser sistêmica, não apenas local. A memória do sistema imune abrange todo o corpo.”\n\nOs pesquisadores veem a possibilidade de aplicar o design a múltiplos tipos de câncer como parte de regimes terapêuticos e preventivos, uma possibilidade que está sendo explorada pela startup NanoVax Therapeutics.\n\nNo entanto, pode levar muitos anos para sabermos se o sistema funciona em humanos e se é seguro. Os cientistas continuam buscando identificar os riscos de estimular o sistema imune a reconhecer patógenos e cânceres.\n\nFuturos estudos, com marcadores adicionais de inflamação sistêmica e patologia tecidual, serão críticos para avaliar a tolerabilidade e apoiar a tradução clínica.
Caminho para o humano: esperança com cautela
Apesar do enorme potencial, a pesquisa ainda está em estágios pré-clínicos. A translação para humanos exige anos de testes de segurança, eficácia e aprovação regulatória.\n\nA NanoVax Therapeutics está avançando com a plataforma, explorando várias aplicações terapêuticas e preventivas.\n\nEste estudo mostra o poder da imune para reconhecer patógenos e tumores de forma mais ampla, mas a realidade clínica ainda depende de demonstração de segurança e utilidade em humanos.