Ultrassom que lê pensamentos: Sam Altman financia uma startup que pode transformar o cérebro em livro aberto
Sam Altman, o CEO da OpenAI, está mudando de direção: do mapa de olhos para a leitura de pensamentos. A ideia é simples e perturbadora: usar ultrassom para ler a mente sem qualquer implante no cérebro. Segundo o newsletter Sources by Alex Heath, via The Verge, a nova startup de interface cérebro-computador de Altman, Merge Labs, parece estar buscando esse caminho. A empresa ainda não foi oficialmente anunciada, mas já sinaliza um projeto com potencial de transformar a forma como pensamos sobre privacidade mental, controle e autonomia humana. No centro dessa história está a ambição de fundir humanos e máquinas — um tema que Altman já discutiu publicamente e que divide especialistas e espectadores. O que está em jogo não é apenas tecnologia, mas a possibilidade de que nossos pensamentos já possam ser lidos sem cirurgia, apenas com ondas sonoras.
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A obsessão de Altman: codificar a biologia humana
Altman tem uma linha de pensamento de 'codificar a biologia', começando com leitura de olhos e agora mirando o cérebro — com uma abordagem não invasiva que evita implantes. Merge Labs contratou Mikhail Shapiro, biomolecular engineer da Caltech, para fazer parte da equipe fundadora. Shapiro ficou conhecido por pesquisar métodos não invasivos para mapear a atividade cerebral ao ultrassom, sem necessidade de eletrodos. Essa escolha aponta para um caminho claro: imaginar caminhos para que células respondam ao ultrassom, permitindo imagens funcionais sem cirurgia. Em palestras citadas pela reportagem, Shapiro descreveu que é mais fácil introduzir genes nas células para que respondam ao ultrassom do que implantar eletrodos diretos no cérebro.
Quem é Merge Labs e o que sabemos até agora
As informações vêm de fontes citadas pelo The Verge, através do newsletter Sources by Alex Heath. A startup ainda não foi oficialmente anunciada. Altman estaria preparando Merge ao lado de Alex Blania, que lidera World — a startup de leitura ocular com blockchain, da qual Altman é presidente. O nome Merge faz referência à ideia de que, em algum ponto, humanos e máquinas podem se fundir. Altman já escreveu, em 2017, sobre o tema, com previsões de que essa fusão poderia ocorrer entre 2025 e 2075. A Financial Times também reportou que Altman pretende levantar US$ 250 milhões da OpenAI, com avaliação de US$ 850 milhões; no entanto, Altman não investirá no projeto nem terá papel diário. As negociações ainda são incipientes.
Finanças, apostas e perguntas éticas
Merge aponta para uma rodada de financiamento de US$ 250 milhões e uma avaliação de US$ 850 milhões, com a participação da OpenAI. O empresário não investirá no projeto nem terá um papel no dia a dia. Shapiro é visto como parte da equipe fundadora e está envolvido nas conversas com investidores. O contexto envolve discussões sobre ‘circular AI dealmaking’ e o escrutínio regulatório do ecossistema de IA. A rivalidade pública com Musk é antiga: Altman já criticou implantes usados pelo Neuralink, dizendo, em tom contundente, que não colocaria nada no cérebro que pudesse matar neurônios. Ainda assim, ele expressa grande entusiasmo com a ideia de uma IA capaz de ler o que pensamos e responder — possivelmente apenas em modo de leitura. “Eu gostaria de poder pensar em algo e ter o ChatGPT para me responder a isso”, disse Altman na mesma conversa. “Talvez eu queira apenas leitura. Isso parece algo razoável.”
Ultrassom, ética e o futuro da leitura da mente
A pesquisa de Shapiro envolve tornar células visíveis à imagem pelo ultrassom por meio de terapia genética, o que poderia permitir a leitura de sinais cerebrais sem invasão cirúrgica. Ele explicou que é mais fácil introduzir genes para que as células respondam ao ultrassom do que implantar eletrodos. Essa visão se cruza com a ambição de Altman de empregar IA para “ler” pensamentos: enquanto alguns celebram o avanço, outros alertam para riscos de privacidade, segurança e controle. O que vem a seguir depende de decisões públicas, regulatórias e éticas sobre a fusão entre cérebro e máquina.