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Transplante vivo de fígado de porco em humano: promessa que brilha — e dilemas que se revelam

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Em um marco que parece ter saído de ficção, um fígado de porco geneticamente modificado foi transplantado em um humano ainda vivo pela primeira vez. O receptor tinha 71 anos, com câncer de fígado e doença hepática em estágio avançado, e não era elegível para um transplante humano tradicional. Nos primeiros 30 dias, o órgão funcionou sem rejeição. No entanto, no dia 38, surgiu uma reação imune grave que danificou o endotélio dos vasos sanguíneos, levando à remoção do fígado. Apesar de tentativas de tratamento, o paciente faleceu no dia 171. Enquanto a ciência celebra o avanço, a fila por órgãos humanos permanece longa: no Reino Unido, 8.096 pessoas — incluindo 276 crianças — esperam por transplantes de órgão.

Transplante vivo de fígado de porco em humano: promessa que brilha — e dilemas que se revelam

O que aconteceu: o transplante foi realizado

O procedimento envolveu um fígado de porco Diannan minúsculo geneticamente modificado com 10 alterações para reduzir a rejeição. O órgão foi implantado em um homem de 71 anos com câncer de fígado e doença hepática avançada, que não poderia receber um fígado humano tradicional nem uma remoção parcial do órgão. Este caso marca um ponto crucial na xenotransplantação, o estudo de órgãos de animais em humanos, um campo que promete ampliar as opções para pacientes da lista de espera.

O que aconteceu: o transplante foi realizado

Resultados iniciais: sinal de funcionamento

O primeiro mês indicou que o fígado de porco podia funcionar em um humano. Não houve rejeição aparente e as funções hepáticas pareciam estáveis, oferecendo uma visão de que a xenotransplantação pode, em tese, sustentar um órgão vivo por um período prolongado. Autoridades e pesquisadores destacaram esse marco como prova de conceito, embora reconheçam que ainda faltam ajustes e garantias para ampliar o uso clínico.

Resultados iniciais: sinal de funcionamento

O colapso: a complicação grave e a queda final

Mesmo com sinais iniciais de sucesso, no dia 38 surgiu uma complicação imune grave que danificou o revestimento dos vasos sanguíneos, levando à remoção do fígado. Medidas médicas e um procedimento para remover fatores nocivos do sangue foram tentados, mas o paciente passou a sofrer episódios de hemorragia gastrointestinais. Apesar de todos os esforços, ele morreu no dia 171, encerrando este capítulo histórico entre a promessa e os riscos da xenotransplantação.

O colapso: a complicação grave e a queda final

O futuro da xenotransplantação: entre esperança e cautela

Este caso é descrito por especialistas como um marco na hepatologia, mas também evidencia os obstáculos que ainda persistem. Dr. Beicheng Sun afirma: “Este caso prova que um fígado de porco geneticamente modificado pode funcionar em um humano por um período extendido. É um passo decisivo, mas ainda há entraves, especialmente em relação à disfunção de coagulação e a complicações imunes, que precisam ser superados.” Dr. Heiner Wedemeyer complementa: “Este relatório é um marco na hepatologia. Mostra que um fígado porcinicamente modificado pode engendrar e cumprir funções hepáticas-chave, mas revela muitos desafios biológicos e éticos para uso clínico mais amplo. Xenotransplantação pode abrir novos caminhos para falência aguda do fígado, falência aguda crônica e carcinoma hepatocelular. Uma nova era da hepatologia de transplantes começou.” A especialista Beatriz Domínguez-Gil acrescenta: “Este é um novo passo no avanço da terapia xenotransplant, que continua no desenvolvimento clínico. Porém, permanecem obstáculos significativos — como a complicação grave observada neste paciente. O ONT insiste que esses transplantes são experimentais e que é preciso aperfeiçoar as modificações genéticas, melhorar a imunossupressão e identificar complicações precoces, idealmente em ensaios clínicos bem desenhados para avaliar eficácia e segurança a curto, médio e longo prazo. Mesmo assim, esses casos permitem vislumbrar um futuro em que a xenotransplantação seja uma realidade clínica como terapia de ponte ou como terapia de destino.”

O futuro da xenotransplantação: entre esperança e cautela