Quase 10% dos jovens adultos nos EUA relatam dificuldades cognitivas graves — e a taxa quase dobrou em uma década
Um estudo publicado na revista Neurology analisou dados de 4,5 milhões de pessoas que participaram de pesquisas telefônicas entre 2013 e 2023. A proporção de entrevistados que relataram dificuldades cognitivas gerais subiu de 5,3% para 7,4%. Mas, entre adultos com menos de 40 anos, o aumento foi ainda mais alarmante: de 5,1% para 9,7%, quase o dobro. Este é o retrato de uma geração que pode estar perdendo agilidade mental rapidamente.
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O que o estudo realmente mostrou
Os pesquisadores analisaram dados de 4,5 milhões de americanos que participaram de pesquisas por telefone entre 2013 e 2023, com foco em respostas de pessoas que relataram uma 'deficiência cognitiva', como problemas de memória, concentração ou dificuldade na função executiva. Descobriram que, além do aumento entre jovens, houve saltos expressivos entre grupos específicos: entre quem ganha menos de US$ 35 mil, de 8,8% para 12,6%; entre quem não concluiu o ensino médio, de 11,1% para 14,3%. Em termos gerais, a taxa de dificuldades cognitivas aumentou de 5,3% para 7,4% na população como um todo, e de 5,1% para 9,7% entre os com menos de 40 anos. Curiosamente, adultos com 70 anos ou mais relataram uma leve queda, de 7,3% para 6,6%.
Quem está mais afetado pelas mudanças
Apesar de a maioria da amostra ser branca, pessoas de todos os grupos raciais relataram declínios cognitivos ao longo dos anos. Povos indígenas norte-americanos tiveram o maior aumento geral, de 7,5% para 11,2%. Em contrapartida, adultos com renda alta e diploma universitário mostraram aumentos menores. Entre os que ganham menos de US$ 35 mil, o índice subiu de 8,8% para 12,6%; entre os sem diploma, de 11,1% para 14,3%.
Por que isso pode estar acontecendo
Os autores do estudo não respondem de forma conclusiva à pergunta de por que isso está ocorrendo, mas sugerem que pode haver mudanças na percepção ou na experiência de dificuldades cognitivas na população dos EUA. Outras possibilidades incluem maior conscientização para relatar problemas, bem como fatores de saúde e sociais. Alguns especialistas mencionam a potencial influência de smartphones e algoritmos que fragmentam a atenção, evidenciada por pesquisas anteriores. Também é plausível que populações que vivem em condições precárias enfrentem mais fatores estressores que prejudicam a tomada de decisões. A ideia de uma “psicose de IA” também é mencionada em debates nessa área.
O que podemos fazer — entre incerteza e ação
Mesmo sem uma resposta definitiva, os autores ressaltam que o aumento é real — e especialmente pronunciado entre quem tem menos de 40 anos. Pode haver mudanças reais na saúde cerebral, maior conscientização ou outros fatores de saúde e sociais contribuindo para o aumento. A situação pode piorar se a desigualdade econômica e a presença contínua da tecnologia dominarem ainda mais a vida cotidiana. Uma orientação prática é reduzir a exposição excessiva à tela, fazer pausas e buscar estilos de vida que favoreçam memória e concentração. Além disso, é essencial apoiar mais pesquisas para entender as causas e o impacto de longo prazo nos sistemas de saúde e no mercado de trabalho.