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Quando abriram uma fenda a 290 metros de profundidade, dois mineiros encontraram um salão de cristais de até 11 metros — e quase morreram de calor: 58°C e quase 100% de umidade.

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Juan e Pedro Sánchez, dois mineiros mexicanos, queriam apenas terminar o turno e sair da Mina Naica, no norte do México. Enquanto removiam água do novo túnel, um desmoronamento abriu uma fenda na rocha. Do interior saiu ar aquecido, com 58°C e umidade quase total. Ao espiar, eles viram um salão branco, com cristais crescendo do piso, das paredes e do teto, como uma floresta de gelo petrificada. Entre as formações, havia estruturas que alcançavam até 11 metros de comprimento, comprovando uma história de 26 milhões de anos que a rocha guarda silenciosamente.

Quando abriram uma fenda a 290 metros de profundidade, dois mineiros encontraram um salão de cristais de até 11 metros — e quase morreram de calor: 58°C e quase 100% de umidade.

A sala de cristais: uma fronteira científica sem precedentes

O engenheiro Roberto González entendeu que aquilo não era apenas uma anomalia geológica, mas uma descoberta científica extraordinária. Ele mandou alterar o trajeto do túnel para não destruir a caverna e acionou cientistas para registrar o achado. Daquele momento, o mundo ficou sabendo da Caverna dos Cristais, um exemplo de como a natureza pode superar a imaginação humana em escala temporal.

A sala de cristais: uma fronteira científica sem precedentes

Condições extremas dentro da caverna

Dentro da caverna, a temperatura varia entre 54°C e 58°C, e a umidade beira os 100%. Sob esse calor, o ar que é relativamente frio na superfície faz com que a água condense nos pulmões, dificultando a respiração. Pesquisadores trabalham com roupas de resfriamento e sistemas de ar autônomos; mesmo assim, não podem ficar mais de 45 minutos no interior. Um mineiro que tentou entrar clandestinamente para levar cristais não voltou. Seu corpo foi encontrado ao lado de um fragmento de selenita.

Condições extremas dentro da caverna

Como cresceram os gigantes cristais

Sob a Mina Naica, a cerca de 5 quilômetros de profundidade, existe um foco magmático que alimentou as cavernas por 26 milhões de anos. Águas quentes, saturadas de minerais, preencheram os espaços e, a temperaturas acima de 58°C, formou-se a anidrita — o sulfato de cálcio sem água. Quando a água esfriou e a temperatura caiu, a anidrita dissolveu-se e cristalizou-se como selenita — uma variedade de gesso. Os cristais cresceram de forma extremamente lenta, milímetro por milênio, até alcançarem até 11 metros de comprimento e cerca de 55 toneladas — os maiores já encontrados na Terra.

Como cresceram os gigantes cristais

Preservar ou explorar: o dilema da Caverna de Cristais

Desde 2015, a extração na mina foi interrompida, mas as bombas continuam funcionando para manter a caverna livres de água. O paradoxo é claro: para preservar a caverna, seria necessário inundá-la, o que a tornaria inacessível para sempre. Os cientistas criaram uma cópia digital em 3D, mas ela é apenas uma sombra da experiência real. O debate continua: alguns defendem selar a caverna e devolver a água para protegê-la para as gerações futuras; outros afirmam que o conhecimento científico justifica o risco de preservá-la de qualquer forma enquanto houver possibilidade de estudo. A natureza levou 26 milhões de anos para criar aquele salão; em apenas algumas décadas, poderíamos destruí-lo apenas ao tentar compreendê-lo. Este é talvez o maior teste de responsabilidade da humanidade.

Preservar ou explorar: o dilema da Caverna de Cristais