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Qatar: riqueza extrema, pobreza inexistente — e um segredo que desafia a lógica

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Qatar é uma nação do tamanho de um condado: 11.521 km² de território, 563 km de litoral, fronteira ao sul com a Arábia Saudita. O país abriga uma das mais concentradas fontes de riqueza do planeta, com reservas de petróleo de 25,2 bilhões de barris — aproximadamente 10% das reservas mundiais, segundo o BP Statistical Review. Além disso, guarda a segunda maior reserva de hélio do mundo, com 10,1 bilhões de metros cúbicos. Essa riqueza se traduz em poder econômico: o Qatar é o maior produtor de gás natural liquefeito (GNL), e ocupa posição de destaque como fornecedor de hélio. Recursos naturais respondem por 70% das receitas do Estado, mais de 60% do PIB e 85% das exportações. A despeito de tanto dinheiro, a população não vive na pobreza: estima-se que haja cerca de 3 milhões de habitantes, com PIB de US$ 267 bilhões e renda per capita de US$ 89.400 por ano. Cerca de 250 mil cidadãos — 8% da população — têm renda média de US$ 400 mil por ano, posição que revela uma distribuição extraordinária de riqueza dentro da própria sociedade. Em 2022, o Qatar gastou cerca de US$ 300 bilhões em infraestrutura para sediar a Copa do Mundo — um marco que exibiu ao mundo a capacidade de investimento do país. Mas a cara da riqueza guarda uma contradição: embora a pobreza seja quase inexistente, surgem problemas de saúde pública, com altas taxas de obesidade entre adultos e crianças e incidência significativa de diabetes.

Qatar: riqueza extrema, pobreza inexistente — e um segredo que desafia a lógica

Geografia econômica: como o Catar transforma recursos em riqueza

O Catar é pequeno geograficamente, mas gigante na economia. Com 11.521 km² de território e uma linha costeira de 563 km, ele abriga cerca de 3 milhões de pessoas e apresenta um PIB de US$ 267 bilhões, com renda per capita de US$ 89.400 por ano. A riqueza do país é primordialmente derivada de recursos naturais: aproximadamente 70% das receitas do Estado vêm dessas fontes, e mais de 60% do PIB, além de 85% das exportações, são sustentados por petróleo e gás. O petróleo qatari soma 25,2 bilhões de barris — cerca de 10% das reservas mundiais — segundo a BP. As reservas de hélio alcançam 10,1 bilhões de metros cúbicos, em segundo lugar no mundo. Essa combinação coloca o Catar como líder na produção de gás natural liquefeito (GNL) e como um dos maiores fornecedores de hélio, consolidando uma presença dominante no comércio global de energia.

Geografia econômica: como o Catar transforma recursos em riqueza

História e independência: de reino a potência moderna

A história do Catar remonta ao século VII, quando a região fazia parte da Arábia. Em 1517, os portugueses ocuparam o território, e em 1846 Sani bin Mohammed fundou o Emirado do Catar. A independência só chegou em 3 de setembro de 1971, marca que deu início a uma trajetória de rápido crescimento econômico. A partir daí, o país começou a transformar suas riquezas naturais em uma economia altamente desenvolvida e integrada ao cenário global.

História e independência: de reino a potência moderna

Copa do Mundo 2022 e o custo da prosperidade

A série de investimentos para a Copa do Mundo de 2022 expôs o montante de riqueza que o Catar mobiliza: aproximadamente US$ 300 bilhões foram gastos em infraestrutura e estádios, valor que supera todas as edições anteriores da Copa do Mundo e de eventos olímpicos somados. Essa espiral de gastos revela uma economia capaz de financiar obras de grande envergadura, mas também evidencia o paradoxo de uma sociedade extremamente rica que encara problemas de saúde pública. À medida que o país crescia, surgiram alertas: obesidade afeta cerca de 50% da população adulta e 33% das crianças, e quase 17% dos adultos sofrem de diabetes. Em resposta, o governo lançou programas para comer menos e se mover mais.

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Cultura, imigração e o paradoxo da riqueza

Apesar da riqueza, o Catar não atrai grandes fluxos de imigrantes. O país é muçulmano e mantém tradições fortes, incluindo a legalidade da poligamia — até quatro esposas. Para muitos estrangeiros, integrar-se envolve superar várias barreiras culturais e legais, o que reduz o desejo de imigração em massa. Não parece haver necessidade de grandes fluxos migratórios para sustentar a economia, já que o Estado distribui recursos entre os cidadãos, oferecendo educação, saúde e serviços públicos gratuitos. No fim das contas, o Catar funciona como uma ‘paralela’ do mundo: uma nação riquíssima que resolve parte de seus dilemas sociais com riqueza, mas que também revela escolhas culturais e sociais que dificultam uma adesão ampla de imigrantes.

Cultura, imigração e o paradoxo da riqueza