Portugal aprova a proibição de véus faciais por razões de género ou religiosas — multas de até 4.000 euros e possível veto presidencial
Em Portugal, a Assembleia da República aprovou um projeto de lei que restringe o uso de véus faciais em espaços públicos por motivos de género ou religiosos. A iniciativa foi apresentada pelo partido Chega, de direita, e mira burqas e niqabs na maioria dos espaços públicos, com exceções para aviões, instalações diplomáticas e locais de culto. As multas previstas chegam a 4.000 euros (aproximadamente £3.475). O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa ainda precisa aprovar o texto, podendo vetá-lo ou remetê-lo ao Tribunal Constitucional para análise. Se sancionado, Portugal juntaria-se a Áustria, França, Bélgica e os Países Baixos, com restrições semelhantes.
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O que é proibido e onde há exceções
O projeto proíbe véus faciais em locais públicos quando usados por razões de género ou religiosas. Burqas, que cobrem o corpo inteiro, e niqabs, que deixam apenas uma abertura para os olhos, estariam proibidos na maioria dos espaços públicos. Existem exceções para voos, instalações diplomáticas e locais de culto. As autoridades preveem multas de até 4.000 euros para quem violar a proibição.
Debate político e vozes divergentes
Chega sustenta que esconder o rosto coloca indivíduos — especialmente mulheres — em situações de exclusão e inferioridade, contrariando princípios de liberdade, igualdade e dignidade humana. O apoio ao projeto recebeu o respaldo de alguns partidos de centro-direita, enquanto forças de esquerda criticaram a medida. O deputado Pedro Delgado Alves (PS) afirmou: “Este tipo de iniciativa serve apenas para visar estrangeiros, aqueles que têm uma fé diferente”; acrescentou que, embora ninguém deva ser forçado a usar véu, a abordagem é errada. Na Europa, debates semelhantes ganharam força: na Suécia, Ebba Busch defendeu banir véus em público, afirmando que representam uma opressão e que a integração falhou. Ela argumentou que as mulheres deveriam poder circular, trabalhar e levar os filhos a centros de saúde sem estar cobertas.
Contexto europeu e internacional
Portugal, se sancionada, juntaria-se a Áustria, França, Bélgica e Países Baixos, onde véus faciais já são restritos ou proibidos. O debate também se replica em outros países: na Suécia, a vice-primeira-ministra Ebba Busch pediu banir véus em público, citando integração falha. Na Itália, Giorgia Meloni, pelo partido Irmãos da Itália, propôs banir burka e niqab em espaços públicos, com multas entre £260 e £2.600, além de criar sanções por crimes culturais como testes de virgindade e endurecer as penas para casamentos forçados por coerção religiosa.
Próximos passos e impactos na vida pública
O próximo passo depende da assinatura do Presidente; ele pode vetar o projeto ou enviá-lo ao Tribunal Constitucional para revisão. Se aprovado, Portugal entraria em uma tendência europeia de equilibrar liberdades civis com coesão social. Embora o país tenha uma menor incidência de véus faciais em uso, o tema expõe tensões entre secularismo, identidade e direitos das minorias na Europa.