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Por que idosas japonesas escolhem a prisão para os seus últimos anos?

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Em uma nação famosa pela longevidade e pelo respeito aos mais velhos, a velhice tornou-se uma luta pela sobrevivência. Dados apresentados pelo Bloomberg revelam um paradoxo brutal: 20% das mulheres presas no Japão são idosas, e 90% delas foram condenadas por furto de comida ou de itens domésticos de necessidade básica. Por que, em pleno século XXI, pessoas com décadas de vida pela frente acabam atrás das grades em vez de receber apoio em casa? Este é o retrato de uma geração que foi deixada à margem da sociedade.

Por que idosas japonesas escolhem a prisão para os seus últimos anos?

O envelhecimento extremo do Japão: números que explicam o drama

O Japão bate recordes mundiais de envelhecimento: 27% da população tem mais de 65 anos. Em comparação, os Estados Unidos têm 16% e a Rússia 15%. Até 2050, estima-se que um terço dos habitantes do Japão terá mais de 65 anos. As causas são a alta expectativa de vida (em média 84 anos) e a baixa taxa de natalidade (cerca de 1,3 filho por mulher).

O envelhecimento extremo do Japão: números que explicam o drama

Quando o cuidado familiar falha: o isolamento que alimenta o risco

Antes, o cuidado dos idosos recaía sobre a família, especialmente sobre as noras. Mas a urbanização e a cultura de carreira desmontaram esse modelo. Filhos mudaram-se para Tóquio ou Osaka, deixando pais em vilarejos cada vez mais vazios. Em 2023, 6 milhões de japoneses com mais de 65 anos vivem isolados. Yukio Sato, sociólogo, descreve-os como invisíveis — vizinhos podem passar meses sem notar o sumiço deles. Um estudo de 2017 mostra que 50% das idosas que cometem furtos não têm família, e 40% nem sabem como encontrar contatos de emergência. Para muitos, a prisão tornou-se a única forma de obter comida, abrigo e conversa.

Quando o cuidado familiar falha: o isolamento que alimenta o risco

A prisão como assistência: guardas que atuam como cuidadores

Os guardas de prisão têm passado a cumprir o papel de cuidadores: ajudam com o uso do banheiro, trocam fraldas, monitoram a medicação. "Às vezes eles choram quando são liberados", revela um funcionário da prisão em Iwaki. 65% das mulheres com mais de 65 vivem abaixo da linha da pobreza. Kaori Nakamura explica que a sociedade ainda espera que as mulheres se sacrifiquem; quando a vítima tem mais de 80, ninguém mais a vê. Manter uma idosa presa custa cerca de 3 milhões de ienes por ano — o dobro do custo de um lar de idosos público — e as vagas no sistema social estão com fila de dois anos. Em 2016, o Japão aprovou uma lei para apoiar mulheres idosas libertadas, mas mudanças sistêmicas ainda são insuficientes. Setenta por cento das pessoas libertadas voltam a cometer crimes, buscando retornar para casa.

A prisão como assistência: guardas que atuam como cuidadores

Dois caminhos para a velhice no Japão: qual escolheria você?

O relato também aponta para um desenho internacional: a Rússia envelhece rapidamente — até 2030, 25% da população terá mais de 60 anos. Hoje, cada quinto aposentado vive na pobreza. Assistentes sociais indicam aumento de furtos entre idosos e, em muitos casos, eles são encaminhados a internatos psiconeurológicos, não à prisão. Maria Smirnova, gerontóloga, alerta: "O cenário japonês é inevitável se não mudarmos o sistema. A solidão mata mais rápido do que a pobreza". Aqui estão dois “menus” para a velhice no Japão: qual você escolheria? E por que essa escolha existe? Se quiser conhecer mais sobre cantos curiosos do planeta, siga o canal para mergulhar em culturas, tradições e histórias surpreendentes.

Dois caminhos para a velhice no Japão: qual escolheria você?