Pequim ameaça com consequências: a Grã-Bretanha encara o atraso da Labour na mega‑embaixada de Londres — e dizem que o edifício pode virar um centro de espionagem
A China ameaça a Grã-Bretanha com consequências após o atraso na aprovação da mega‑embaixada chinesa em Londres. O projeto pretende instalar uma sede diplomática gigantesca num sítio histórico perto da City, enfrentando resistência de moradores e ativistas. A decisão, que seria anunciada na próxima semana, foi adiada para 10 de dezembro, inflamando o debate sobre segurança e influência estrangeira em território britânico. Enquanto isso, surgem vozes que veem o prédio como potencial centro de espionagem a céu aberto.
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Atraso decisório: de que depende a aprovação e quando
O secretário de Habitação, Comunidades e Governo Local, Steve Reed, anunciou o novo prazo para a decisão de aprovação do projeto da embaixada chinesa em Londres: até 10 de dezembro de 2025. A data anterior estava prevista para a próxima semana, mas foi adiada. Segundo um porta-voz, a decisão é ‘quase judicial’ e independente do resto do Governo, e não seria apropriado comentar o caso enquanto estiver sob avaliação pelo Ministério de Habitação, Comunidades e Local Government (MHCLG).
Pequim reage: 'grave preocupação' e acusações de desrespeito contratual
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou em Beijim que houve ‘grave preocupação e forte insatisfação’ com o atraso. Em comentários citados pela Bloomberg, a China disse ter demonstrado ‘a maior sinceridade e paciência’ nas negociações, mas acusou o Reino Unido de desrespeitar o espírito contratual e agir de má-fé. O porta-voz pediu que o Reino Unido ‘imediatamente cumpra suas obrigações e honre seus compromissos’, dizendo que, caso contrário, ‘o lado britânico arcará com todas as consequências’.
O alerta de espionagem: o suposto 'centro de espionagem' sob a embaixada
Dominic Cummings, ex-assessor sênior de Downing Street, afirmou que os serviços de segurança britânicos avisaram que a China planeja construir um centro de espionagem sob a embaixada. Ele afirmou que a MI5 e MI6 lhe disseram explicitamente: ‘China está tentando construir um centro de espionagem debaixo da embaixada’. O governo recusou comentar sobre as ‘consequências’ e reiterou que o processo de planejamento é ‘independente’ do resto do Governo. O local fica próximo a cabos de fibra óptica que ligam instituições financeiras da City de Londres, o que aumenta o receio de interceptação de dados.
Política, segurança e o futuro da relação com a China
O caso acontece num momento de tensão entre o Reino Unido e a China, com críticas à forma como o caso de espionagem envolvendo Cash e Berry foi conduzido. Cash, 30, e Berry, 33, foram acusados de espionagem; o caso foi encerrado após avaliação de que não havia provas de ameaça à segurança nacional. Críticos afirmam que a decisão de aprovar ou rejeitar a embaixada está a ser usada como instrumento de pressão diplomática pela China. A carta de DP9, a consultoria envolvida, mostra que o Secretário Reed pediu mais tempo “para a devida consideração das candidaturas”. A história envolve a Royal Mint Court, a rejeição de Tower Hamlets Council em 2022, e a revelação de que o Governo, sob Xi, assumiu a decisão, levando Keir Starmer a dizer que o Executivo ‘foi chamado’ para decidir. O prazo de 10 de dezembro pode não ser legalmente vinculativo, abrindo espaço para mais adiamentos.