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O primeiro homem congelado para ressuscitar no futuro: 58 anos no frio de uma cápsula de nitrogênio

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Em janeiro de 1967, o professor de psicologia James Bedford, 73 anos, morreu em um hospital da Califórnia. Em vez de um funeral tradicional, ele escolheu participar de um experimento que prometia manter a vida para além da morte. Ele tornou-se o primeiro humano a ser congelado com a esperança de que a ciência futura pudesse trazê-lo de volta. O corpo foi colocado em uma cápsula de nitrogênio líquido a −196°C e enviado a Phoenix, onde a Cryonics Society of California o preservaria. Essa decisão deu início a décadas de controvérsias, disputas legais e avanços tecnológicos que moldaram a criônica — uma promessa ambiciosa que ainda não tem resposta definitiva sobre se ele voltará.

O primeiro homem congelado para ressuscitar no futuro: 58 anos no frio de uma cápsula de nitrogênio

A vida que levou Bedford a escolher a criônica

James Hiram Bedford nasceu em 1893, em Pittsfield, Massachusetts. Quando tinha quatro anos, quase morreu de difteria — uma experiência que, na época, costumava ser fatal. Esse contato precoce com a ameaça da morte pode ter moldado sua visão de vida. Na juventude, Bedford viajou, estudou e acabou se transferindo para a Califórnia, onde obteve um mestrado em psicologia em Berkeley e se tornou um professor respeitado. Seu interesse por prolongar a vida e lutar contra o envelhecimento guiou toda a sua carreira. Na metade dos anos 1960, ele leu o livro “A Perspectiva da Imortalidade”, de Robert Ettinger, um manifesto da criônica que o fascinou ao ponto de acreditar que a morte seria apenas uma falha técnica que poderia ser corrigida no futuro. Em 1966, foi diagnosticado com câncer de rim com metástases nos pulmões. A medicina da época não oferecia cura; ele decidiu apostar no que o futuro poderia oferecer — a criônica — para ver se poderia viver de novo.

A vida que levou Bedford a escolher a criônica

O dia da morte e a primeira tentativa bem-sucedida (para Bedford)

Em 12 de janeiro de 1967, o coração de Bedford cessou. A equipe da Cryonics Society of California agiu com rapidez, sabendo que tinham apenas sete minutos para iniciar o procedimento antes de danos cerebrais irreversíveis. Ele foi conectado a um ventilador para manter o oxigênio no cérebro, enquanto o dimetil sulfóxido (DMSO) era infundido nas veias para substituir o sangue e proteger os órgãos durante o congelamento. O corpo foi colocado em gelo seco dentro de uma cápsula e transportado para Phoenix, onde foi mergulhado no Dewar com nitrogênio líquido pela Cryo-Care Equipment Corporation. Infelizmente, outra tentativa tornou-se trágica: uma mulher da Califórnia foi embalsamada sem o conhecimento da criônica e, ao ser descoberta, foi descongelada e enterrada. Bedford, porém, contou com planejamento profissional e iniciou uma trajetória que deixaria um marco na história.

O dia da morte e a primeira tentativa bem-sucedida (para Bedford)

De Cryo-Care a Galiso, depois Alcor: a odisseia de décadas

Dois anos depois, o corpo foi transferido para Galiso Inc., em Anaheim, com um Dewar mais moderno. Contudo, as dificuldades continuaram: disputas legais, pressões de seguradoras e a constante pressão de fornecedores de nitrogênio. Os parentes entraram com várias ações para exigir que ele fosse descongelado e enterrado de forma digna. A esposa e o filho Norman lutaram para manter a memória dele, enquanto as seguradoras tentavam encerrar o experimento. Norman alugou um trailer e levou o pai para um destino incerto; o corpo passou por várias instalações na Califórnia, incluindo Trans-Time em Emeryville, e depois para um local secreto no sul da Califórnia. No começo dos anos 1990, a situação ficou crítica: o Dewar falhava e não havia dinheiro para um substituto. Norman recorreu à Alcor Life Extension Foundation, que resolveu realizar uma avaliação completa do estado do corpo antes de aceitá-lo. A abertura da cápsula mostrou que Bedford estava surpreendentemente bem conservado para um homem de 73 anos, com a pele desbotada e as córneas afetadas pelo frio, mas o rosto parecia mais jovem do que a idade. Bedford permaneceu sob os cuidados da Alcor na Califórnia, até ser transferido para Scottsdale, no Arizona, devido ao risco sísmico.

De Cryo-Care a Galiso, depois Alcor: a odisseia de décadas

O futuro ainda é incerto: pode a criônica realmente ressuscitar Bedford?

Hoje, a criônica evoluiu da simples congelamento para a vitrificação, processo que transforma tecidos em estado vítreo, evitando a formação de cristais de gelo prejudiciais. Os crioprotetores são menos tóxicos e protegem melhor as células. Sobre Bedford, muitos especialistas dizem que ele foi prejudicado pela tecnologia de sua época; se a técnica de hoje fosse aplicada então, os resultados poderiam ter sido diferentes — ainda assim, não há garantias. Até o momento, nenhuma pessoa ou grande mamífero foi revivido após armazenamento prolongado em nitrogênio líquido; as opiniões variam entre otimismo e ceticismo. Bedford continua sendo um símbolo da fé na ciência; centenas de pessoas ao redor do mundo escolhem a criônica, tornando-a uma indústria séria. Enquanto isso, o corpo dele permanece no frio, aguardando a resposta para a grande pergunta: é possível uma ressurreição verdadeira ou permanece apenas uma ilusão? Se quiser acompanhar novas matérias, assine o canal do Telegram para conteúdos exclusivos.

O futuro ainda é incerto: pode a criônica realmente ressuscitar Bedford?