O MAIOR CRATER DA LUA NÃO FOI FEITO POR IMPACTO FRONTAL: UM GOLPE DE LADO HÁ 4,3 BILHÕES DE ANOS QUE PODE REESCREVER A HISTÓRIA
Existe um segredo perturbador sobre o maior crater da Lua: pode ter sido formado por um golpe desviado para o sul, e não por um impacto direto. O choque, aconteceu há cerca de 4,3 bilhões de anos, pode ter aberto a crosta lunar e exposto minerais mais pesados. Essa hipótese desafia tudo o que aprendíamos sobre a origem lunar e chega num momento em que a NASA prepara a missão Artemis — com pousos programados perto da borda sul do SPA para estudar esse gigante antigo e suas pistas sobre o interior da Lua.
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SPA: o maior reservatório lunar sob escrutínio
O South Pole-Aitken basin (SPA) é uma bacia com mais de 1.200 milhas de diâmetro (cerca de 1.930 quilômetros). O estudo, publicado na Nature, aponta que o SPA apresenta uma forma oblonga/teardrop, sugerindo que sua origem envolve um golpe sul, não um impacto frontal de asteroide. Com isso, os cientistas repensam como essa bacia se formou há bilhões de anos e o que isso implica para a evolução da Lua.
A forma teardrop e o segredo da crosta: como o golpe de lado ocorreu
Ao comparar o SPA com outras grandes bacias do sistema solar, a equipe percebeu que seu formato oblongado indica que o impacto sul cruzou a crosta lunar, abrindo caminho para a exposição de minerais mais densos no interior. A teoria se encaixa na ideia de um oceano de magma que, na formação da Lua, fazia a separação entre casca e manto.
KREEP e a assimetria da Lua: por que a face próxima é tão diferente
Durante a evolução da Lua, alguns minerais — potássio, terra rara e fósforo — ficaram concentrados no que os cientistas chamam de KREEP. Esse material não se distribuiu igualmente: ficou muito mais presente na face próxima da Lua do que na face distante. A comparação com o oceano de magma sugere que o depósito de KREEP acabou se concentrando na região da face que vemos da Terra, enquanto a parte oposta manteve uma crosta distinta.
Artemis, amostras e o que ainda podemos aprender sobre a Lua
A região onde pensamos pousar os primeiros astronautas em mais de meio século fica na borda descida do SPA — um local rico em evidências sobre a evolução lunar. Como disse o líder do estudo, Jeffrey Andrews-Hanna, em nota: “Com Artemis, teremos amostras para estudar aqui na Terra, e saberemos exatamente o que são.” E acrescenta: “Nosso estudo mostra que essas amostras podem revelar ainda mais sobre a evolução inicial da Lua do que se pensava.” Os autores também comparam o comportamento do KREEP com uma lata de refrigerante no congelador: o xarope resiste ao congelamento até o fim, concentrando-se nas últimas parcelas. “Algo similar aconteceu na Lua com o KREEP.” Além disso, a pesquisa sugere que os últimos resíduos do oceano de magma terminaram na face próxima, explicando as concentrações de elementos radioativos ali encontradas, enquanto a face oposta manteve um histórico de magma oceânico mais fino. Essas descobertas mostram que muito ainda pode ser aprendido com as amostras que a Artemis trará à Terra.