O homem que já morreu três vezes em campo, roubou um pinguim e agora comanda o Aberdeen: a história de Lutz Pfannenstiel
O Aberdeen FC anunciou a nomeação de Lutz Pfannenstiel como o novo diretor desportivo, em meio a uma temporada desastrosa: apenas duas vitórias e 11º lugar na Premiership escocesa. A notícia marca o retorno de alguém descrito como o “homem mais excêntrico do futebol” ao mais alto nível do jogo. A experiência dele, acumulada ao longo de uma carreira de 20 anos, inclui 25 clubes — e episódios que parecem saídos de um roteiro.
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De Bayern a 25 clubes: a carreira global de Pfannenstiel
O goleiro alemão, que atuou pela seleção de juventude da Alemanha, construiu uma trajetória incomum: 25 clubes em 20 anos. Passou por Wimbledon, Nottingham Forest e Huddersfield Town, entre outros, e levou seu ofício de guarda‑redes desde a formação no Bayern de Munique a continentes como Brasil, Nova Zelândia, Malásia, Finlândia, África do Sul, Canadá, Albânia, Namíbia, Armênia e Malta. Uma carreira marcada pela mobilidade, pela adaptação cultural e por uma visão de jogo que atravessa fronteiras.
Aberdeen aposta na experiência: o que Pfannenstiel traz
O clube o apresentou como o novo diretor desportivo, responsável por todas as áreas de futebol e desempenho, com foco em elevar o desempenho da equipe e da formação de jogadores. O presidente do Aberdeen, Dave Cormack, disse: “Estamos aqui para receber Lutz e a sua significativa experiência.” O clube destacou que Pfannenstiel traz treino, scouting, desenvolvimento de jovens e liderança em diferentes culturas, além de uma vasta rede de recrutamento global. A ideia é alinhar o sucesso em campo com o modelo de desenvolvimento de jogadores do clube e avançar num cenário cada vez mais competitivo.
Os fantasmas do passado — e o que aprendeu com eles
A vida de Pfannenstiel não foi apenas glória e viagens. Em 2002/03, durante uma partida entre Bradford Park Avenue e Harrogate, o goleiro ficou clinicamente morto três vezes no campo, após o coração parar. Surpreendentemente, ele sobreviveu e acordou no hospital três horas depois. Em Nova Zelândia, ficou famoso por ter roubado um pinguim de uma colônia e mantido o animal na banheira — lembrança que ele encara com humor, mas que gerou repercussões legais. Mais tarde, ele passou 101 dias na prisão de Singapura sob acusação de conluio em jogos, uma experiência que descreveu como a pior da vida, porém profundamente formativa. Pfannenstiel disse ao Guardian que foi o período em que aprendeu que futebol não é tudo: “Foi a época mais dura da minha vida, mas a época em que aprendi muito.” Ele também revelou que, no auge de sua carreira na Ásia, foi acusado de jogar muito bem — um caso em que o juiz não entendeu bem os fatos. “Não havia dinheiro envolvido, as evidências foram retiradas,” afirmou. Hoje, ele afirma ter saído dessa fase como uma pessoa melhor, e a memória daqueles dias ainda o persegue: “Tenho pesadelos.”