Ninhos em espiral: o enigma das abelhas sem ferrão australianas que não ferroam
Nem todas as abelhas ferem. Cerca de 500 das 20 mil espécies perderam a capacidade de ferroar ao longo da evolução. Em vez de picar, defendem-se com mandílios fortes, ataques com jatos de cera, resina vegetal e grãos de solo, ou esmagando os oponentes pelo número. Entre essas abelhas sem ferrão, 14 espécies vivem na Austrália, todas endêmicas. Dentre elas, a Tetragonula carbonaria — às vezes chamada de abelha-sugar — destaca-se pelos favos de uma beleza que parece obra de arte. Elas constroem ninhos com uma forma espiral que se tornou sua assinatura.
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Quem são as abelhas sem ferrão da Austrália e por que são especiais
Na Austrália existem 14 espécies de abelhas sem ferrão, todas endêmicas. Entre elas, a Tetragonula carbonaria — conhecida como abelha-sugar — é notável por seus favos espiralados. Essas abelhas costumam ser menores que outras espécies, com o corpo preto coberto por pelos minúsculos. Elas constroem ninhos com apenas uma entrada, fortemente protegida por abelhas-guardas. A entrada é banhada por uma mistura de cera e resina que ajuda a manter o ninho limpo e seguro. A resina tem propriedades antibacterianas, que ajudam a proteger as abelhas de patógenos quando retornam ao ninho e também repelem predadores como formigas e besouros.
Como as colmeias são feitas: a espiral que define a espécie
As colmeias da Tetragonula carbonaria apresentam uma espiral distinta. Os favos são largos e planos, mas cada volta da espiral levanta a altura do conjunto, dando ao ninho uma forma cônica achatada. Um ninho completo pode ter até vinte espirais, e há apenas uma entrada, vigiada por abelhas-guarda. Essa configuração pode favorecer a ventilação e a organização interna do espaço entre camadas.
O mistério por trás da espiral: ventilação, espaço ou acaso?
O motivo exato da construção em espiral ainda não é conhecido. Alguns pesquisadores sugerem que ela pode melhorar a circulação de ar, especialmente em ambientes com ventilação desafiadora. Outras hipóteses defendem que o formato aproveita melhor o espaço entre as camadas ou representa apenas um comportamento que acabou sendo vantajoso. Ainda não há consenso.
Ninhos no quintal: benefício ecológico e valores humanos
Como não são agressivas, muitos proprietários australianos instalam ninhos de abelhas sem ferrão em seus quintais. Não buscam mel, mas ajudam a conservar uma espécie cuja casa natural está sendo destruída pela atividade humana. Em retorno, as abelhas realizam a polinização de flores de jardins, culturas agrícolas e plantas silvestres em busca de néctar e pólen. Além disso, a entrada do ninho, revestida de resina, ajuda a manter patógenos afastados, contribuindo para a saúde da colônia.