Moringa oleifera: a planta que promete milagres, mas esbarra em antinutrientes e evidência científica fraca
Moringa oleifera é uma planta que cresce em regiões sub-himalaicas da Índia, Paquistão, Bangladesh e Afeganistão, e também pode ser encontrada em áreas tropicais. Todas as partes da planta — folhas, casca, flores, frutos, sementes e raízes — são utilizadas na fabricação de remédios. Ela é indicada para uma ampla lista de condições de saúde, incluindo anemia; artrite e dores nas articulações; asma; câncer; constipação; diabetes; diarreia; epilepsia; dores no estômago; úlcera gástrica e intestinal; cólicas; dores de cabeça; problemas cardíacos; hipertensão; pedras nos rins; retenção de líquidos; distúrbios da tireoide; além de infecções bacterianas, fúngicas, virais e parasitárias. Além disso, a moringa é utilizada para reduzir edema, aumentar a libido (afrodisíaco), prevenir a gravidez, fortalecer o sistema imunológico e aumentar a produção de leite materno. Algumas pessoas a empregam como suplemento alimentar ou estimulante. Também é comum utilizá-la topicamente como adstringente. Além disso, é utilizada para tratar infecções locais (abscessos), probleas fúngicos nos pés, caspa, periodontite e feridas.
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Origens, nomes populares e usos culinários
A moringa é uma planta de grande porte originária do Norte da Índia. Ela também é conhecida por outros nomes populares. Praticamente todas as partes da planta são comestíveis e usadas na medicina tradicional, com especial ênfase nas folhas e nas vagens, amplamente consumidas na Índia e na África. As folhas da moringa são uma excelente fonte de várias vitaminas e minerais, incluindo vitamina B6, vitamina C, riboflavina e ferro. Em países ocidentais, as folhas secas são vendidas como alimento na forma de pó ou cápsulas. Comparadas às folhas, as vagens contêm menos vitaminas e minerais, mas são excepcionalmente ricas em vitamina C: uma xícara de vagens frescas picadas (aprox. 100 g) fornece cerca de 157% da ingestão diária recomendada (IDR).
Antioxidantes e benefícios observados
As folhas de moringa são ricas em antioxidantes, incluindo vitamina C, beta-caroteno, quercetina e ácido cafeoilquinóico. Estudos indicam que, em mulheres, o consumo diário de 1,5 colheres de chá (7 g) de pó de folhas por três meses eleva significativamente os níveis de antioxidantes no sangue. O extrato das folhas também pode ser usado como conservante de alimentos, reduzindo a oxidação e aumentando a vida útil de carnes. Resumo: a moringa oleifera é rica em antioxidantes e pode fortalecer a defesa antioxidante do organismo, especialmente por meio da quercetina e do ácido cafeoilquinóico. O pó de folhas ajuda a elevar os níveis de antioxidantes no sangue.
Açúcar no sangue, citocinas e inflamação
O nível elevado de glicose no sangue é um sinal de diabetes e aumenta o risco de doenças cardíacas. Pesquisas indicam que a moringa pode ajudar a reduzi-lo, embora a maior parte das evidências venha de estudos em animais; há poucos estudos clínicos de qualidade relativamente baixa. Um estudo com 30 mulheres mostrou que o consumo diário de 1,5 colheres de chá (7 g) de pó de folhas por três meses reduziu a glicose de jejum em média 13,5%. Outro estudo, envolvendo seis pacientes com diabetes, indicou que adicionar 50 g de folhas aos pratos reduziu a glicemia em 21%. Acredita-se que esse efeito esteja relacionado aos isotiocianatos presentes na planta. Ainda assim, são necessárias mais pesquisas em humanos. Além disso, existem evidências de propriedades anti-inflamatórias. Isotiocianatos são apontados como o principal componente anti-inflamatório da moringa, mas até o momento os estudos foram apenas laboratoriais ou em animais, sem confirmação em pessoas. Quanto ao colesterol, tanto estudos em animais quanto clínicos sugerem que a moringa pode ajudar a reduzi-lo, o que poderia diminuir o risco de doenças cardíacas.
Arsênio, segurança e conclusão
A contaminação de alimentos e água por arsênio é um problema global. Estudos associam exposição prolongada a esse elemento a maiores riscos de câncer e doenças cardíacas. Curiosamente, pesquisas em camundongos e ratos sugerem que folhas e sementes de moringa podem proteger o organismo da toxicidade do arsênio. Esses resultados são promissores, mas ainda não foram comprovados em humanos. Em resumo, a moringa oleifera é uma árvore indiana com uso tradicional ancestral. Hoje, as evidências científicas indicam que ela pode provocar reduções moderadas no açúcar no sangue e no colesterol, além de possuir efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, e de oferecer suporte nutricional quando a dieta é deficiente. Importante: antes de usar qualquer suplemento, consulte o médico. Lembre-se: suplementos não substituem medicamentos ou a medicina tradicional. A dosagem de suplementos, assim como de fármacos, deve ser determinada pelo médico conforme a condição de cada paciente.