Misterioso mosaico cristão de 1.500 anos revela segredos bíblicos perdidos
Um deslumbrante mosaico de piso cristão, com 1.500 anos de idade, foi desenterrado na Turquia, em Urfa, oferecendo uma visão sobre as primeiras tradições bíblicas. O mosaico é decorado com animais, plantas e os quatro elementos clássicos — ar, água, terra e fogo —, além de inscrições que mencionam líderes da igreja. A imagem natural parece refletir temas bíblicos, com os animais e as plantas remetendo à criação de Deus em Gênesis e os quatro elementos representando a harmonia e a ordem do mundo descrita nas Escrituras. Além disso, as inscrições que mencionam oficiais da igreja indicam que os primeiros cristãos em Urfa ativamente preservaram estas tradições, honrando locais sagrados ligados à história bíblica, enquanto incorporavam símbolos do Antigo Testamento em sua adoração. A mosaico foi construída entre 460 e 495 d.C. (século V) e é feito de pequenas pedras pretas, vermelhas e brancas, revelando um design intricado. Ela foi descoberta no Castelo de Urfa durante a fase final das escavações de 2025. Escavadores também encontraram três sepulturas de oficiais religiosos, sugerindo que a cidade manteve seu papel como centro espiritual e conectando a arqueologia diretamente à vida religiosa organizada moldada pelos ensinamentos bíblicos. Urfa é tradicionalmente considerada o berço de Abraão, uma figura central do Antigo Testamento e ancestral do povo judeu, e a descoberta deste mosaico cristão reforça a importância religiosa de longa data da cidade.
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Inscrições e líderes da igreja: Kyros, Elyas e Rabulus
As inscrições no mosaico incluem uma inscrição grega enquadrada em estilo epigráfico bizantino. Segundo Kozbe, ela revela que o piso foi "encomendado para a proteção de Conde Anakas e de sua família". Além disso, a inscrição menciona o bispo Kyros da região, Elyas (Ilyas em turco) servindo como sacerdote-chefe e Rabulus, que ocupava o cargo de diácono, uma posição que auxilia nas igrejas onde os diáconos detinham o posto de leitor principal, informou a Türkiye Today. Além da inscrição, a equipe descobriu mosaicos em forma de medalhão representando elementos cósmicos em um canto do piso. "Estas medalhas provavelmente aparecem em todos os quatro cantos do piso", disse Kozbe. "Isso fornece pistas importantes sobre as práticas religiosas, mas teremos que realizar mais pesquisas literárias e avaliar paralelos para chegar a conclusões mais definitivas", acrescentou. Religiosos e outros oficiais religiosos que trabalharam no prédio parecem ter sido sepultados no local. "Similar to the rock-cut tombs we found both on the southern slope of the castle and in the Kizilkoyun necropolis, we see evidence of burials here. We have found at least three, but work on these will continue next year," Kozbe said. "Este é um achado importante. Exemplos semelhantes de piso existem no sudeste e em outras regiões da Anatólia", acrescentou Kozbe. "Estes nomes fornecem pistas importantes sobre quem detinha responsabilidade religiosa nesta área e sobre as práticas e rituais da elite, incluindo um comandante local."
Urfa, berço de Abraão e significado da descoberta
Urfa é tradicionalmente considerada o berço de Abraão, figura central do Antigo Testamento e ancestral do povo judeu, e a descoberta deste mosaico cristão reforça a cidade como um importante centro religioso ligado à história bíblica. A presença de símbolos do Antigo Testamento em uma prática de adoração cristã na região ilustra o diálogo entre tradições antigas. "Esta é uma descoberta importante. Exemplos semelhantes de piso existem no sudeste e em outras regiões da Anatólia", disse Kozbe. Além disso, os nomes mencionados no mosaico ajudam a entender quem era responsável pela vida religiosa local e quais eram as práticas e rituais da elite da região, incluindo um comandante local.
Megido: o mosaico de 1.800 anos que afirma Jesus como Deus
Há um mosaico ainda mais marcante que ganhou manchetes no ano passado, apresentando a inscrição mais antiga declarando Jesus como Deus. O mosaico de Megido, com cerca de 581 pés quadrados (aprox. 54 m²), foi descoberto por um preso da prisão de Megido e exibe a antiga inscrição em grego: "The god-loving Akeptous has offered the table to God Jesus Christ as a memorial". O piso decorava o que é considerado o primeiro salão de oração do mundo, datado de 230 d.C., confirmando que os cristãos já entendiam Jesus como o Filho de Deus desde o início. O Megido Mosaic também incluiu algumas das primeiras imagens de peixes, que os especialistas acreditam fazer referência à história de Lucas 9:16, em que Jesus multiplicou dois peixes para alimentar uma multidão de 5.000 pessoas. O piso ficou escondido debaixo da prisão desde que foi descoberto em 2005, mas foi emprestado a um museu em Washington, DC, até julho de 2025. Carlos Campo, CEO do museu, elogiou o mosaico como "a maior descoberta desde os Manuscritos do Mar Morto", enquanto seus colegas o consideraram "a descoberta arqueológica mais importante para compreender a igreja cristã primitiva". Um outro mosaico ainda mais revolucionário ganhou as manchetes no ano passado, apresentando as inscrições gregas que incluem os nomes de cinco mulheres, destacando a importância das mulheres na igreja. "Estamos entre as primeiras pessoas a ver isto, a experienciar o que quase 2.000 anos atrás foi colocado por um homem chamado Brutius, o incrível artesão que instalou o piso aqui", disse Campo na abertura da exposição. O mosaico continha também o nome do oficial romano que encomendou o azulejo durante a ocupação romana da Judeia. Pesquisadores sugeriram que isso poderia provar que os romanos coabitavam com os cristãos até certo ponto, apesar das inúmeras histórias de guerra e massacre da época. Uma inscrição no mosaico dizia: "Gaianus, um oficial romano, tendo buscado honra, do seu próprio dinheiro, fez o mosaico". A equipe também encontrou um acampamento romano nas proximidades, fornecendo mais suporte para a paz entre os dois grupos. O salão de oração, ou igreja, provavelmente foi abandonado e coberto porque a Legião Sexta do Império Romano foi transferida para Transjordânia, região localizada a leste do rio Jordão. O mosaico também continha os nomes de cinco mulheres, destacando o papel importante das mulheres na igreja. Além de Akeptous, que foi mencionada pela doação de uma mesa para o salão de oração, a inscrição também diz para "lembrem-se de Primilla e Cyriaca e Dorothea, e por fim, Chreste".