Microplásticos: a ameaça invisível que pode estar rachando seus ossos
Nova análise de mais de 60 estudos em ambientes in vitro e em animais sugere que as partículas plásticas podem dificultar a geração de novo tecido ósseo. A pesquisa indica que microplásticos promovem a atividade de osteoclastos, as células que degradam tecido ósseo antigo, desequilibrando o ciclo de remodelação. Se essa ligação se confirmar, pode ajudar a explicar o crescimento de casos de osteoporose e fraturas em todo o mundo, especialmente entre pessoas com mais idade.
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A evidência emerge: o que a pesquisa encontrou
O estudo, liderado por Rodrigo Bueno de Oliveira, revisou mais de 60 pesquisas in vitro e em modelos animais. A análise mostra que os microplásticos podem favorecer a formação de osteoclastos, levando à degradação de osso sem reposição suficiente. Entre os efeitos observados estão a redução da contagem de glóbulos brancos e distúrbios na microbiota intestinal, que desorganizam o ciclo de remodelação óssea. “O potencial impacto dos microplásticos nos ossos não é negligível”, disse Oliveira, coordenador do Laboratório de Estudos Minerais e Ósseos.
Como isso funciona no corpo
Quando o organismo é exposto a microplásticos, a viabilidade celular tende a diminuir: células envelhecem mais rápido, ficam inflamatórias e perdem função. Além disso, os plásticos podem reduzir a contagem de glóbulos brancos e perturbar a microbiota intestinal, fatores que derrubam o equilíbrio da remodelação óssea. O resultado é um desequilíbrio onde osteoclastos degradam mais tecido do que o osso novo pode repor, aumentando o risco de deformidades e fraturas. Em alguns estudos com animais, houve até interrupção do crescimento esquelético.
Risco real para osteoporosis
Osteoporose é uma condição em que os ossos ficam mais frágeis e menos densos, elevando o risco de fraturas. Fraturas associadas à osteoporose estão crescendo mundialmente, em parte por uma população que envelhece. A International Osteoporosis Foundation estima que uma em cada três mulheres e uma em cada cinco homens com mais de 50 anos sofrerá uma fratura ao longo da vida, e as projeções indicam um aumento de até 32% até 2050.
O que vem a seguir?
Para testar a ligação, Oliveira e a equipe planejam avaliar a resistência de fêmures de ratos expostos a microplásticos, comparando com controles. Os pesquisadores reconhecem que ainda faltam respostas sobre como os microplásticos influenciam doenças ósseas, mas o objetivo é gerar evidências de que podem ser uma causa ambiental evitável de fraturas. Caso confirmada, a associação poderia orientar políticas de redução da poluição plástica como parte de estratégias de saúde pública.