Engenheiro da Tesla deixa a empresa e acusa Elon Musk de danificar a missão e de prejudicar democracias
Depois de oito anos na Tesla, Giorgio Balestrieri, engenheiro sênior de algoritmos, pediu demissão e dirigiu críticas diretas ao CEO Elon Musk. Em uma postagem contundente no LinkedIn publicada na última semana, ele afirmou que a principal razão para sair é que “Elon causou um dano enorme à missão da Tesla (e à saúde das instituições democráticas em vários países)” e que a liderança e a tomada de decisões dele parecem seriamente comprometidas. Balestrieri trabalhou na Autobidder, a plataforma de negociação de energia da Tesla, que permite aos indivíduos monetizar a energia armazenada em baterias, muitas vezes geradas por fontes renováveis como vento e solar. Para ele, as iniciativas de armazenamento de energia são centrais para operar redes de baixo carbono; no entanto, ele não sente mais que Musk esteja comprometido com a transição para um futuro energético mais verde.
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Quem é Giorgio Balestrieri e por que ele saiu
Giorgio Balestrieri ingressou na Tesla em 2017 e, após oito anos, decidiu deixar a empresa. Ele atuou como engenheiro de algoritmos e trabalhou na Autobidder, a plataforma de negociação de energia que a Tesla usa para monetizar a energia armazenada em baterias. “Dados e algoritmos tomaram o centro da transição energética”, escreveu ele, destacando o papel crucial da tecnologia nessa transformação. Apesar da importância da área, ele afirmou não se ver mais alinhado com a direção de Elon Musk e decidiu seguir em frente.
A crítica central: mentiras públicas, manipulação de discurso e atraso na transição
No núcleo do depoimento estão acusações éticas graves. Balestrieri afirmou que a saída envolve não apenas política, mas uma série de comportamentos que, em sua visão, prejudicam o público. "Isso não se trata apenas de política: é sobre mentir ao público, manipular o discurso público, visar minorias e apoiar negacionistas climáticos e forças políticas alinhadas com a indústria do petróleo e gás", escreveu. "Acho que não é discutível que a atual administração dos EUA está atrasando a transição energética", completou, reforçando a percepção de atraso institucional na agenda climática.
Musk, política e a relação com Trump: da defesa ambiental à ruptura
O artigo relembra a relação de Musk com a política, desde a proximidade inicial com o governo Trump até o rompimento público que se seguiu. Durante o primeiro mandato de Trump, Musk deixou cargos de aconselhamento após o presidente retirar os EUA do Acordo de Paris, além de promover políticas que favoreceram combustíveis fósseis. O texto também recorda que, em 2017, Musk publicou: “Climate change is real” e “Leaving Paris is not good for America or the world.” Esse episódio ajudou a moldar a imagem de um defensor do meio ambiente, ainda que a relação se tenha deteriorado com o tempo.
O futuro da Tesla e o que aprendemos com a saída
Em 2025, no contexto de planos da Tesla de entregar a Musk ações no valor de cerca de um trilhão de dólares, Balestrieri disse que não consegue mais se ver no lugar. “Não posso mais me convencer de que este é o lugar certo para ficar”, afirmou. Ele desejou sucesso aos colegas que permanecem, esperando que continuem acelerando a transição para energia sustentável, incluindo a Tesla Energy. A saída de um engenheiro de peso levanta questões sobre governança, ética e o papel da empresa na luta contra as mudanças climáticas.