E se toda a água da Terra desaparecesse de repente?
Imagine acordar pela manhã, ir ao lavabo para se lavar e não ver nenhuma gota de água no chuveiro. Sair para a rua e não encontrar rios, poças, nem orvalho na grama. Oceanos, mares e rios teriam desaparecido. Isso é fisicamente impossível: a água não pode simplesmente evaporar para o ar. Mas vamos imaginar que isso aconteça. O que ocorreria com o planeta e com tudo que nele vive? Prepare-se para uma viagem a um mundo sem uma única gota de água.
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O que aconteceria primeiro: o colapso do invisível suporte do planeta
Bilhões de toneladas de água simplesmente deixariam de existir. Navios afundariam no fundo de depressões oceânicas, alguns com quedas de vários quilômetros. Submarinos acabariam expostos na terra, como baleias lançadas para fora do mar. Os aviões começariam a cair. O motivo é simples: sem vapor de água na atmosfera, a pressão cairia drasticamente. O ar se tornaria muito menos denso e as asas deixariam de gerar sustentação. No leito dos antigos mares surgiriam montanhas submersas e cânions com dezenas de quilômetros de profundidade. Cidades e navios de várias épocas jaziam debaixo d'água, e agora estariam na superfície seca. A Fossa de Mariana se abriria como a maior fenda da Terra, 11 quilômetros de profundidade.
Clima, atmosfera e geografia: tudo fica sem vapor d'água
O vapor d'água é um dos principais gases do efeito estufa. Sem ele, a temperatura começaria a oscilar de forma brutal. Durante o dia, sem nuvens para refletir a radiação solar, a superfície poderia chegar a 60–70 °C. À noite, sem vapor d'água retendo calor, cairia a -40 °C ou menos. O céu ficaria limpo, sem nuvens nem neblina — apenas o azul intenso de dia e um manto de estrelas à noite, como visto pela visão de um astronauta. As plantas morreriam quase instantaneamente: sem água, não há fotossíntese. As folhas murchariam em cerca de uma hora; caules ficariam frágeis e romperiam. As árvores resistiriam por mais tempo, graças aos estoques de água em seus troncos, mas secariam em um dia ou dois.
Fim da vida como conhecemos: plantas, animais e ecossistemas
Os animais morreriam em velocidades diferentes. Pequenos roedores, aves e insetos em poucas horas. Grandes mamíferos em um dia ou dois. Os camelos, cactos e outros habitantes do deserto poderiam resistir por mais tempo, mas também acabariam morrendo. Em poucos dias, os humanos morreriam em 3–4 dias. Na prática, desmaios já surgiriam em poucas horas por causa do calor diurno extremo e do frio noturno. Quando toda a vegetação morrer, o pesadelo começa: as plantas não apenas produzem oxigênio, elas removem CO2. Sem elas, o CO2 começaria a se acumular na atmosfera. Os cadáveres de plantas e animais se decomporiam, liberando mais CO2. Sem água, a decomposição ocorreria lentamente e os corpos se transformariam em múmias. A superfície do planeta se tornaria parecida com um deserto ainda pior: o solo viraria poeira que se ergue com o vento, gerando tempestades de poeira constantes. O oxigênio do ar ficaria cada vez mais baixo; várias reações químicas que antes usavam água mudariam ou consumiriam mais oxigênio. O dióxido de carbono, por sua vez, aumentaria, mas o efeito estufa não funcionaria sem vapor d'água para sustentar o calor. O ar ficaria seco e rarefeito, tornando difícil respirar mesmo com o oxigênio existente; as variações de temperatura de +70°C durante o dia para -50°C à noite tornariam a vida incompatível com a presença de seres humanos. Sem plantas que prendem encostas, haveria erosão massiva; as montanhas se desgastariam, ravinas se alargariam. Antigas depressões oceânicas seriam preenchidas por areia e poeira. A cor do planeta mudaria do azul para um tom marrom-avermelhado — poeira e rochas expostas. Do espaço, a Terra pareceria Marte, mas maior. O campo magnético da Terra não mudaria, pois ele vem do núcleo. Mas a atmosfera ficaria muito mais fina, com gases leves escapando para o espaço, especialmente hidrogênio e hélio.
Se a água voltasse daqui a um ano: ainda seria possível recomeçar?
Provavelmente não. Os oceanos voltariam a ocupar seus leitos, mas a vida aquática estaria extinta — peixes, plâncton e algas teriam morrido. A água seria cristalina, mas vazia de ecossistemas. Na terra, sementes sem água por mais de alguns meses não germinariam. O solo, sem vegetação, transformaria-se em areia; restaurar o ecossistema exigiria um renascimento completo, como se fosse em outro planeta. Felizmente, a água não pode desaparecer de verdade. Ela pode mudar de estado — vapor, gelo ou líquido — e pode se mover, evaporar da superfície e precipitar. Mas desaparecer sem deixar vestígios é uma impossibilidade. Mesmo que algo catastrófico jogasse toda a água no espaço, isso levaria milhares de anos. Nesse meio tempo, ainda haveria espaço para imaginar soluções. Portanto, durma tranquilo: amanhã, da torneira, certamente sairá água. E os oceanos permanecerão onde estão por bilhões de anos. Mas agora você sabe o quanto cada gota é importante na nossa Terra azul. Siga o nosso canal no Telegram para mais ciência e curiosidades: https://t.me/science_wtf