Descoberta no deserto: uma oficina de cobre que pode reescrever a história de Moisés
Uma oficina de fundição de cobre foi desenterrada no Wadi al-Nasb, no sul do Sinai, oferecendo novas evidências para a narrativa bíblica de Moisés. A equipe identificou uma fornalha para derreter cobre, ferramentas para preparar matérias-primas, crivas de argila, potes de cerâmica e grandes quantidades de escória de cobre. O sítio fica próximo à antiga área de mineração de Serabit el-Khadim, conhecida pela extração de turquesa e cobre. Embora não haja ligação direta com Moisés, especialistas destacam que a descoberta revela como os antigos egípcios dominavam a mineração e a metalurgia, saberes cruciais para ferramentas, armas e artesanato.
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O que foi encontrado no local
Entre os achados está o workshop de fundição com uma fornalha para cobre, ferramentas para o preparo de matérias-primas, crivas de argila, potes de cerâmica e grandes quantidades de escória de cobre. Dois edifícios de arenito foram desenterrados: um na entrada oeste de Wadi al-Nasb e outro onde o vale encontra o deserto de Wadi al-Sour. Um terceiro edifício, na borda sul de Wadi al-Sour, provavelmente serviu como centro de controle das operações de mineração e continha carvão de árvores locais e argila purificada para fabricar sopradores. Ao longo do tempo, alguns desses edifícios foram convertidos em instalações de produção de cobre durante o Novo Reino (1550–1070 a.C.).
Conexões com a Bíblia: o que dizem os estudiosos
Embora os arqueólogos ainda não tenham ligado as ruínas a Moisés, muitos estudiosos bíblicos apontam que hebreus ou israelitas trabalharam em minas egípcias. Em Serabit el-Khadim, já foram encontradas inscrições proto-israelitas, além de referências a um Nome de Deus na Bíblia Hebraica. Em 1999, o egiptólogo americano Gregory Mumford escreveu que as minas eram exploradas por prisioneiros de guerra vindos do sudoeste asiático, falantes de uma língua semítica do Noroeste, como o cananita, ancestral do fenício e do hebraico. O Êxodo bíblico também descreve a escravidão, a libertação e a travessia dos israelitas pelo deserto em direção à Terra Prometida.
O contexto histórico: tecnologia e período
Os achados demonstram que os antigos egípcios já possuíam conhecimentos avançados de mineração e metalurgia, essenciais para ferramentas, armas e artes. Dois edifícios de arenito foram dedicados a vigias e trabalhadores de mineração, posteriormente convertidos em instalações de produção de cobre durante o Novo Reino (1550–1070 a.C.). Um edifício no sul de Wadi al-Sour funcionou como centro de controle das operações e continha carvão de árvores locais e argila purificada para fabricar sopradores.
Entre fé e ciência: o que isso significa para a história do Êxodo
Segundo o Livro do Êxodo, os israelitas foram escravizados no Egito, Moisés os libertou após dez pragas e eles cruzaram o Mar Vermelho. Moisés, segundo a tradição, recebeu os Dez Mandamentos no Monte Sinai durante a primeira etapa da jornada, por volta de 1406–1407 a.C., antes de alcançarem a Terra Prometida (Canaan). A descoberta de uma oficina de cobre no Sinai não prova ligação direta com Moisés, mas alimenta debates sobre a presença de trabalhadores semíticos e sobre como a mineração e a metalurgia moldaram a história do Egito e da região. O Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito disse que a descoberta "adiciona uma nova dimensão à nossa compreensão da história da atividade industrial e de mineração na antiga Egito".