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Deixado para morrer no Everest: Beck Weathers, o patologista que acordou na neve e lutou pela vida

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Em maio de 1996, uma das tragédias mais sombrias da história do alpinismo atingiu o topo do Everest. Durante uma tempestade de neve devastadora, 12 pessoas perderam a vida. Beck Weathers, um patologista de 49 anos que sonhava em completar as Sete Cumes, ficou para trás na neve, supostamente morto pelos seus companheiros de escalada. Surpreendentemente, ele acordou, lutou pela vida por horas, desceu de volta ao acampamento e salvou-se. A sua história inspirou o filme Everest, lançado em 2015.

Deixado para morrer no Everest: Beck Weathers, o patologista que acordou na neve e lutou pela vida

A tempestade da Montanha que mudou tudo

Beck fazia parte de um grupo de oito alpinistas liderado por Rob Hall, da Adventure Consultants. O grupo subia sob céu claro, com entusiasmo e determinação. Beck acabara de passar por uma cirurgia de correção de visão (ceratotomia radial) e, nos rigores da altitude, a córnea deformou-se, deixando-o quase cego assim que a noite caiu. Hall proibiu Beck de continuar a subida, ordenando que ele permanecesse na trilha enquanto o resto do grupo alcançava o cume. Beck aceitou, confiando que seria resgatado na descida, mas uma tempestade repentina esmagou os planos e separou os alpinistas.

A tempestade da Montanha que mudou tudo

O silêncio do gelo e a aparente morte

Quase dez horas se passaram até Beck perceber que algo estava errado. Por volta das 17h do dia 10 de maio, um dos alpinistas que descia confirmou que Hall ficou preso no cume, e um dos membros da equipe foi enviado para encontrá-lo. Os ventos atingiam mais de 150 km/h e as temperaturas mergulhavam abaixo de –40°C. Pessoas perdiam o caminho, perdiam a consciência e congelavam em pé. Mike Grum chegou a Beck, o pegou e o levou de volta ao acampamento sob condições quase impossíveis, mas Beck perdeu a outra luva; a mão direita congelou e, com o vento, ele acabou se afastando dos demais. Um guia russo que viu Beck pensou que já estivesse morto, e na manhã seguinte outro guia o encontrou, também acreditando que a pessoa estivesse sem vida. O rosto de Beck estava coberto de gelo, a jaqueta largada, as extremidades congeladas.

O silêncio do gelo e a aparente morte

O milagre de retornar ao acampamento e as amputações

Foi então que começou o milagre. Beck entrou em uma condição de coma hipotérmico após cerca de 20 horas enrolado na neve. O seu corpo, contudo, surpreendentemente, acordou. A adrenalina lhe deu força; ele deu pequenos passos tentando se manter de pé, embora as pernas estivessem como porcelana. Ele finalmente chegou ao acampamento e recebeu ajuda médica emergencial. Em Kathmandu, ele foi levado de helicóptero para o hospital. Os médicos tiveram que amputar a mão direita, dedos da mão esquerda, parte do pé e parte do nariz. Surpreendentemente, eles conseguiram reconstruir o nariz usando pele do pescoço e da orelha. Ao retornar para casa, Beck decidiu abandonar o alpinismo, reconciliou-se com a esposa e abriu-se para uma nova vida: voar. Tornou-se piloto de avião leve, apreciando a liberdade dos céus, até que, aos 70 anos, decidiu encerrar atividades radicais, seguindo o conselho da esposa.

O milagre de retornar ao acampamento e as amputações

Nova vida após o Everest

Hoje Beck Weathers tem 78 anos e vive em Dallas, plenamente saudável. Em sua casa no Texas, não há lembranças da época de montanha: não há fotos, nem equipamentos, apenas uma única lembrança que o transporta de volta àquela ida ao Everest — a foto dele se reunindo com a equipe de sobreviventes, com o rosto marcado pela hipotermia. Sua história continua a inspirar: em 2015, o filme Everest levou às telas a coragem e o acaso daquele dia.

Nova vida após o Everest