De 1.196 marinheiros, apenas 316 sobreviveram: a tragédia do Indianapolis e o segredo que carregava
Este cruzador pesado, construído em 1931, tornou-se uma das armas mais temidas da Frota dos EUA. Em 1945, recebeu uma carga ultrassecreta destinada à bomba atômica que viria a mudar a história: o núcleo da bomba Little Boy, para Hiroshima. O capitão Charles Butler McVay não sabia o que carregava e só soube do destino final do navio quando já estava no mar. O plano oficial era seguir uma rota que evitasse submarinos no Pacífico; McVay, porém, decidiu confiar no “avesso” e não recebeu informações confiáveis sobre submarinos naquela área. Em 29 de julho de 1945, por volta das 23:00, a funerária I-58 japonesa atacou a uma distância de cerca de quatro milhas, e a explosão derrubou o Indianapolis em questão de minutos. O navio ficou à deriva, com o sistema de radiocomunicação fora do ar, impossibilitando o envio de um SOS adequado. No fim, apenas uma fração da tripulação sobreviveu aos horrores que se seguem.
In This Article:
- Missão secreta e desvio de rota: o cargueiro carregava o segredo da bomba e ignorou avisos de submersível
- O ataque e o rápido afundamento: 12 minutos que mudaram tudo
- Entre o desespero, as águas e os tubarões: a sobrevivência em meio ao terror
- Resgate tardio, números conflitantes e o segredo que só apareceu 72 anos depois
Missão secreta e desvio de rota: o cargueiro carregava o segredo da bomba e ignorou avisos de submersível
O Indianapolis, cruzador pesado com a função de proteger rotas e entregar cargas vitais, foi construído em 1931 e, durante a Segunda Guerra, tornou-se uma das armas mais temidas da frota. Em 1945, recebeu uma carga supostamente secreta para a bomba atômica Little Boy e partiu para Tinian, onde a arma seria finalizada. O capitão Charles Butler McVay não sabia exatamente o que carregava e soube do destino final apenas no mar. A marinha planejava que o navio seguisse uma trajetória específica para evitar submarinos, especialmente no Pacífico ocidental; porém McVay ignorou esse ponto e confiou na ausência de informações confiáveis, decidindo seguir conforme a própria percepção. Às 23:00 de 29 de julho de 1945, a I-58 japonesa atacou o cruzador a uma distância de cerca de 4 milhas; uma explosão devastadora destruiu a sala de máquinas, e o rádio ficou fora de serviço, dificultando o envio de um SOS que pudesse ser recebido de forma adequada.
O ataque e o rápido afundamento: 12 minutos que mudaram tudo
O choque foi tão intenso que, em apenas 12 minutos, o Indianapolis afundou. O capitão McVay ordenou a evacuação e tentou manter a equipe unida, garantindo que todos soubessem que seria encontrado. Ainda assim, cerca de 300 homens, de 1.196 a bordo, perderam a vida no impacto e logo nas horas seguintes. O rádio de bordo, danificado, impossibilitou a comunicação de socorro; relatos posteriores sugerem que o SOS, ainda assim, pode ter sido transmitido, mas não reconhecido pela base, ou confundido com informações hostis.
Entre o desespero, as águas e os tubarões: a sobrevivência em meio ao terror
Os sobreviventes ficaram dispersos pela imensidão do oceano, em uma área superior a 250 quilômetros quadrados. Muitos não tinham coletes salva-vidas; alguns encontraram flutuadores improvisados ou pedaços de madeira. A primeira noite foi marcada pela sede, ferimentos e confusão mental—muitos morreram ao longo da noite ao serem expostos ao calor e ao combustível que vazava da água. No dia seguinte, dezenas de tubarões cercaram o local, devorando, primeiro, os corpos já mortos, o que atraiu mais predadores. De um grupo de 80 homens, apenas 17 sobreviveram até o amanhecer. Um veterano descreveu: “Eu vi várias pessoas morrerem pelos dentes das tubarões”; mas muitos também sucumbiram à desidratação, hipotermia e ao delírio induzido pela água salgada. Os botes salva-vidas improvisados eram feitos de fibras de algodão e resistiam apenas por cerca de 48 horas.
Resgate tardio, números conflitantes e o segredo que só apareceu 72 anos depois
Como não houve sinais de socorro recebidos com clareza, ninguém buscou pelo navio afundado. Em 2 de agosto, por pura acaso, um piloto de PV-1 Ventura avistou náufragos, e foi acionado um hidroavião e barcos de guerra para resgate. Foram encontrados 321 homens vivos das águas, 5 morreram já a bordo das embarcações de resgate. Ao todo, 883 marinheiros morreram por desidratação, ferimentos, insolação ou foram consumidos pelos tubarões. O Indianapolis só foi encontrado sete décadas depois, em agosto de 2017, no fundo do Mar das Filipinas. A história permanece marcada pela dúvida sobre números e pela lição de que, em guerra, o custo humano pode exceder qualquer previsão.