Dalí em Parma: 21 obras apreendidas — falsificações que parecem verdadeiras demais e a ausência de pinturas
Os sinais não batem: 21 peças suspeitas de falsificação foram apreendidas pela polícia italiana durante a exposição 'Dalí, Between Art and Myth' em Parma. As obras envolvem desenhos, tapeçarias e gravuras; nenhuma pintura, e isso já acende o alerta para especialistas. A operação ocorreu na terça-feira, após uma verificação de rotina da unidade de Roma do Carabinieri, realizada no Museo Storico della Fanteria, onde a mostra estava em exibição.
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Dúvidas surgem na inspeção de rotina
Foi durante uma vistoria de rotina que os agentes perceberam algo amiss. Diego Poglio, chefe da equipe, explicou: "Notamos que apenas litografias, cartazes e desenhos de Dalí estavam em exibição, junto com algumas estátuas e outros objetos, mas nenhuma pintura ou coisa de maior valor." Era difícil entender por que alguém organizaria uma exposição com obras de tão baixo valor. Essa constatação gerou as primeiras suspeitas e impulsionou a investigação.
Especialista aponta para o risco de falsificações de Dalí
Mark Winter, perito em autenticação de arte, disse ao The Post que centenas de milhares de litografias falsas de Dalí circulam desde meados dos anos 1970. "Pode-se dizer que no mercado de arte nada é mais comum do que uma litografia falsa de Dalí." O erro de Parma, segundo ele, foi organizar a exposição e atrair a atenção da equipe de arte da Carabinieri. Winter ainda explicou que "Dalí assinava folhas litográficas em branco — podia assinar 1.800 folhas por hora e ganhava US$ 20.000 todas as manhãs antes do café da manhã." Além disso, muitas das falsificações dos anos 1970 foram relançadas por falsificadores que não percebem que são falsificações, o que resulta em cerca de 300.000 Dalís falsificados em circulação hoje.
Fundação Gala-Salvador Dalí entra na investigação
Ao perceberem as inconsistências, os investigadores contataram a Fundação Gala-Salvador Dalí, com sede em Figueres, Catalunha. A fundação confirmou que nunca havia sido contatada pelos organizadores da mostra. Poglio afirmou: "Achamos isso absolutamente estranho, porque se você quer organizar uma exposição de um artista tão importante, não pode deixar de passar pela fundação que gerencia a coleção." A fundação enviou uma equipe de especialistas a Roma para ver por si mesma. Diante disso, os promotores de Roma ordenaram a apreensão das 21 obras. A investigação permanece em fase preliminar e será seguida por investigações técnicas e científicas para determinar se as obras são autênticas ou não.
Problema global: falsificações em arte contemporânea e redes de fraude na Europa
Este não é o único caso de obras reproduzidas de artistas famosos sendo vendidas ou expostas na Itália. Poglio diz que há uma presença expressiva de falsificações no mercado de arte contemporânea — um fenômeno global. Em fevereiro, a polícia de Roma descobriu um ateliê onde pinturas falsas de Picasso e Rembrandt eram produzidas para venda online. Além disso, havia uma rede de falsificação europeia suspeita de replicar obras de Banksy, Picasso, Andy Warhol e Gustav Klimt.