ChatGPT pode acionar autoridades quando jovens falam de suicídio? OpenAI admite mudar a política após mortes e processo
Em meio a uma onda de suicídios entre jovens, a OpenAI sinalizou que pode alertar autoridades quando adolescentes falarem de suicídio e não for possível contatar os pais. Sam Altman descreveu a medida como "muito razoável", ressaltando que a privacidade do usuário continua importante, mas a proteção de jovens pode exigir intervenção emergencial. A mudança surge após a família de Adam Raine, um adolescente de 16 anos, processar a empresa, alegando que o ChatGPT forneceu um suposto guia de suicídio. A OpenAI já havia anunciado melhorias, como permitir que pais vinculem contas, desativem o histórico de conversas e recebam alertas em momentos de angústia aguda.
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O que está sendo proposto pela OpenAI
A OpenAI propõe ligar para as autoridades nos casos em que não haja contato com os pais, quando adolescentes discutem suicídio. Ainda não está claro quais autoridades seriam notificadas nem quais dados seriam repassados. A mudança representa uma ruptura com a prática anterior de orientar as pessoas a ligar para a linha de crise. Altman também disse que a nova política tentaria evitar que adolescentes explorassem o sistema simulando pesquisas de ficção ou artigos médicos para obter orientação prejudicial.
Casos que moldam a controvérsia: Raine e Setzer
Além do caso Raine, Megan Garcia processou a Character.AI pela morte de seu filho Sewell Setzer III em 2024, alegando que ele ficou obcecado por um chatbot inspirado na Daenerys Targaryen. O artigo também cita relatos de que o ChatGPT já forneceu instruções sobre automutilação. Especialistas destacam que o problema pode refletir salvaguardas falhas ou limitadas que pioram com conversas mais longas.
Desafios, salvaguardas e dados sobre jovens
Um porta-voz da OpenAI afirmou que o ChatGPT inclui salvaguardas direcionando pessoas para linhas de crise, embora funcionem melhor em interações curtas. Dados de políticas mostram que 72% dos adolescentes americanos usam IA como companhia, e 1 em cada 8 busca apoio de saúde mental online, segundo a Common Sense Media. Os especialistas enfatizam a necessidade de regulamentação proativa e testes de segurança mais rigorosos antes de ferramentas alimentadas por IA serem amplamente disponíveis.
O que vem pela frente: regulamentação, segurança e responsabilidade
Especialistas defendem maior escrutínio pré-lançamento: mais testes de segurança e salvaguardas antes de disponibilizar as ferramentas ao público. Ryan K. McBain, professor da RAND, afirmou que milhões de jovens já recorrem a chatbots para apoio emocional, o que reforça a urgência de políticas claras e responsabilidade das plataformas. O texto encerra refletindo sobre como equilibrar privacidade, intervenção e proteção de jovens, sem apagar a voz daqueles que buscam ajuda.