Cérebro à prova de açúcar? Carnes ultraprocessadas e bebidas açucaradas emergem como os maiores vilões para a memória, segundo nova pesquisa
Nova pesquisa da Virginia Tech aponta que, entre os ultraprocessados, carnes ultraprocessadas de origem animal e bebidas açucaradas pesam mais na saúde do cérebro. Em uma amostra de 4.750 adultos americanos com 55 anos ou mais, acompanhados por até sete anos, quem consumiu uma porção extra diária de carnes ultraprocessadas teve um aumento de 17% no risco de déficits cognitivos. Já quem adicionou uma porção diária de bebidas açucaradas viu o risco subir 6%. Além disso, o conjunto total de ultraprocessados não apresentou associação significativa com o comprometimento cognitivo; o dano parece vir de itens específicos — especialmente carnes e bebidas.
             
        
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Como foi feito: o que os dados revelam
O estudo utilizou dados do University of Michigan Health and Retirement Study, acompanhando 4.750 adultos com 55 anos ou mais ao longo de até 7 anos. A cognição foi avaliada a cada dois anos, com testes de memória imediata e tardia, além de tarefas como contagem regressiva. Ao todo, 1.363 participantes desenvolveram qualquer comprometimento cognitivo durante o acompanhamento. Os pesquisadores observaram que as carnes ultraprocessadas de origem animal foram particularmente associadas ao declínio cognitivo, enquanto as bebidas adoçadas também contribuíram para o risco, ainda que em menor magnitude.
                 
            
Quais itens são os vilões? Carne ultraprocessada vs bebidas açucaradas
O que impulsiona a ligação entre UPFs e o declínio cognitivo? O estudo aponta como principais motores as carnes ultraprocessadas de origem animal e as bebidas adoçadas. Consumir pelo menos uma porção extra por dia de carnes ultraprocessadas associou-se a 17% a mais de risco de déficits cognitivos; bebidas açucaradas trouxeram um aumento de 6%. Curiosamente, o consumo total de UPFs não esteve significativamente ligado ao aumento do risco; nem outras categorias de UPF (pães, doces, salgadinhos, refeições prontas etc.) mostraram esse efeito de forma robusta.
                 
            
Implicações práticas e mensagens para ação
A despeito da gravidade dos números, a mensagem é simples, embora desafiadora: mudanças na alimentação podem proteger o cérebro. "Há coisas que você pode mudar", diz Brenda Davy, professora da Virginia Tech e coautora do estudo. "É moderação e ser razoável e equilibrado nas escolhas alimentares." Os autores ressaltam que intervenções como aulas de culinária podem ser cruciais — saber o que comer e como preparar pode ser metade da batalha na tomada de decisões alimentares. Como afirma Ben Katz, pesquisador envolvido: "É uma coisa seguir uma dieta, mas outra é dar às pessoas as habilidades para cozinhar essa dieta."
                 
            
Contexto, números e caminhos práticos
O estudo foi publicado no American Journal of Clinical Nutrition e traz dados que chamam a atenção para o consumo de UPFs na alimentação dos americanos. Em 2020, cerca de 65% dos alimentos e 38% das bebidas compradas em lares dos EUA eram UPFs, definidos por processamento industrial intenso e pela presença de aditivos como corantes, aromatizantes e emulsificantes. Além disso, tanto jovens quanto idosos obtêm mais da metade de suas calorias diárias a partir desses produtos. Entre as ações sugeridas, cozinhar mais em casa e reduzir carnes ultraprocessadas e refrigerantes é um caminho claro para proteger a saúde cerebral. Os autores defendem que o conhecimento de preparo de comida pode ser tão importante quanto escolher os ingredientes certos.
                 
            
