Bitcoin perde a independência: grandes investidores migram para ETFs de criptomoedas à vista
A era da autopreservação do Bitcoin pode estar chegando ao fim. Sob incentivos fiscais e com uma infraestrutura institucional cada vez mais estável, investidores de alto patrimônio estão transferindo ativos para ETFs spot regulados. Para fãs da criptomoeda, isso não é a melhor notícia: o ativo, antes visto como meio de reserva de valor independente, passa a ficar sob o guarda de grandes empresas. Martin Hisbeck, chefe do departamento de pesquisas da Uphold, afirma que a migração para as carteiras de emissores de ETFs spot representa a primeira redução significativa de BTC mantidos em custódia própria em mais de 15 anos. O IBIT (BlackRock iShares Bitcoin Trust) lidera as mudanças: Robbie Mitchner, da BlackRock, diz que esse instrumento já converteu mais de US$ 3 bilhões de BTC de grandes detentores. Uma norma recente da SEC também acelera o movimento, permitindo a criação e a recompra de ações de ETFs de Bitcoin na forma “in-kind”, facilitando a troca direta de BTC por cotas do fundo sem venda tributável.
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IBIT e a migração: mais de 3 bilhões de dólares em BTC convertidos para ETFs spot
O IBIT já promoveu a conversão de mais de US$ 3 bilhões em BTC de grandes detentores. Mitchner afirma que muitos investidores iniciantes preferem a conveniência de gerenciar seus ativos por meio de instituições financeiras confiáveis, mantendo a exposição à principal criptomoeda. A mudança regulatória da SEC permite a criação e a recompra de ações de ETFs de Bitcoin, na prática trocando BTC por cotas sem incorrer em venda com ganho de capital.
Vantagens fiscais: como funciona o 'em natureza'
Ao contrário de ETFs tradicionais que vendem ativos para atender aos resgates, os ETFs spot podem entregar BTC aos investidores na hora do resgate. Essa mecânica evita o ganho de capital para os investidores, oferecendo uma vantagem fiscal significativa. Para o fundo, a entrega de BTC mantém a exposição sem acionar tributação sobre venda.
Austrália: arrependimentos geracionais e o ímpeto da criptomoeda
Uma pesquisa da Swyftx com 3.009 participantes mostrou que mais de 40% da Geração Z e dos millennials na Austrália se arrependem de não ter investido em criptomoedas há dez anos. O segundo maior arrependimento envolve não ter comprado imóveis ou ações de grandes empresas de tecnologia como Apple e Amazon. A percepção de que grandes entidades — empresas, governos e fundos de pensão dos EUA — estão comprando BTC e ETH ajuda a explicar o entusiasmo. A Geração Z usa criptomoedas como renda extra; a média de ganhos entre os investidores que obtiveram retorno foi de quase US$ 9.958, entre 82% dos que lucraram. 78% dos usuários australianos de criptomoedas reportaram lucros no último ano; 80% das pessoas com menos de 50 anos afirmaram arrepender-se de decisões de investimento nos últimos dez anos. Em março, o governo australiano, sob a liderança do Partido Trabalhista, apresentou uma nova base regulatória para criptomoedas, regulando as bolsas sob a legislação de serviços financeiros — um passo importante para ampliar a adoção de ativos digitais no país.
Mercado amadurece: de varejo para grandes fundos regulados
As tendências indicam que o mercado de criptomoedas está ficando mais maduro: o varejo cede espaço a fundos grandes e estruturas reguladas. A nova geração começa a enxergar o Bitcoin como instrumento de acumulação de patrimônio, não como desafio ao sistema. O caminho regulatório e a confiança institucional desenham um futuro com um ecossistema de ativos digitais mais estável e confiável.