Bebês gigantes tomam o TikTok e acendem o alerta médico
É a mais recente moda parental que invade o TikTok. Mães publicam vídeos dos seus filhos, com fãs a elogiar traços fofos e a perguntar se são grandes para a idade. Mas há algo de perturbador por trás: alguns bebés nascem com medidas que desafiam a percepção comum de tamanho. Em julho, a mãe de Oklahoma, Maci Mugele, mostrou Gunner com quatro meses: 76 cm de altura e cerca de 10 kg — quase metade do tamanho da mãe. Em outro vídeo visto por milhões, a influencer Houri Hassan‑Yari apresenta o seu bebé no percentil 99, com seis meses, com a legenda: "Love my chunky boy". Embora muitos eloguem, outros alertam para riscos de saúde e chegam a acusar as mães de abuso infantil. Especialistas ouvidos pelo Daily Mail dizem que este fenómeno é parte de um problema maior e preocupante.
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O que é macrossomia fetal e por que está a aumentar
Macrossomia fetal é o termo médico para bebês nascidos com peso igual ou superior a 4 kg (aprox. 8 lb 13 oz). No Reino Unido, estima-se que cerca de 10% dos recém-nascidos situem-se nessa faixa, acima do 90.º percentil de peso e tamanho. A tendência tem vindo a aumentar nas últimas décadas, segundo o professor Dimitrios Siassakos, da University College London. "Se usarmos o 90.º percentil como corte, esperaríamos 10% dos bebés macrosómicos; a realidade é mais alta." Existem dois subtipos: simétrico — em que o perímetro abdominal está proporcionado ao comprimento — e assimétrico — com excesso de gordura no tronco e nos ombros, geralmente resultado de diabetes gestacional não tratada. A macrosomia pode afetar entre 1 em 20 e 1 em 5 mulheres no Reino Unido. O parto pode ser mais longo, com maior probabilidade de cesariana ou uso de fórceps, e o bebé pode sofrer complicações como ombro distócia e danos neurológicos permanentes. Existem casos históricos de bebés particularmente grandes que ajudam a ilustrar a gravidade deste fenómeno.
Gestação, diabetes gestacional e obesidade: os motores do crescimento excessivo
No coração do problema está a diabetes gestacional: quando não é bem controlada, o feto recebe mais glicose, levando o bebé a produzir mais insulina e a crescer de forma acelerada. Esta condição pode ocorrer em qualquer altura da gravidez, mas é mais comum no segundo e no terceiro trimestre e muitas vezes não apresenta sintomas. A diabetes gestacional pode ocorrer mesmo em mulheres com peso normal ou magro. A especialista Amanda Sferruzzi-Perri explica que: "Mulheres com diabetes gestacional tendem a ter uma gestão de glicose deficiente na circulação, levando à resistência à insulina; mais glicose na mãe significa mais glicose no bebé, estimulando o pâncreas fetal a libertar muita insulina." Além disso, macrosomia aumenta o risco de obesidade, hipertensão e diabetes na vida futura para a criança, e pode prolongar o parto para a mãe. Médicos distinguem macrosomia simétrica e assimétrica, sendo esta última geralmente associada à diabetes gestacional não tratada.
Histórias reais, polémica pública e riscos
Casos de destaque mostram o debate entre encanto e preocupação. Maci Mugele, de 21 anos, afirma que o bebé Gunner está saudável, mas enfrentou críticas por ser tão grande. Paris Halo, com 13 libras 4 onças ao nascer, precisou de NICU por Hipoglicemia, mas recebeu alta alguns dias depois. Outras mães relatam bebés grandes ainda mais cedo; Milana-Mae, nascida em 2024, já pesava 22 libras 9 onças aos seis meses. Ao longo dos anos, registos históricos falam de bebés ainda mais pesados na história britânica, lembrando que o extremo também já teve consequências traumáticas para as mães. Enquanto o fenómeno é popular nas redes sociais, muitos comentadores alertam para os riscos de saúde e para acusações infundadas de abuso infantil.
Prevenção e orientações de saúde: o que pode fazer
A forma mais eficaz de responder à diabetes gestacional é através de mudanças no estilo de vida — exercício regular e uma dieta equilibrada. O diagnóstico precoce e o manejo adequado reduzem significativamente o risco de complicações para mãe e bebé. No entanto, as diretrizes atuais nem sempre apuram todas as grávidas, com muitos casos passando despercebidos; técnicos de saúde defendem uma vigilância mais atenta, mesmo para mulheres com peso saudável. Especialistas sublinham que a macrosomia pode ser evitada com prevenção da diabetes gestacional: monitorizar glicose, manter uma alimentação saudável e manter-se ativa. Mulheres com macrosómica enfrentam maior probabilidade de diabetes no futuro, por isso a prevenção é crucial.