Acordei nu numa tumba no meio do deserto e passei 71 dias a alimentar-me de sanguessugas
Rikki Megi dirigia pela vastidão do interior australiano, em direção a um novo emprego, quando, na berma da estrada, encontrou um companheiro de viagem. Seu gesto de bondade transformou-se num pesadelo: o homem foi drogado e deixado a morrer num dos cantos mais inóspitos do planeta. Esta história enigmática ainda suscita perguntas.
In This Article:
- Em 2006, agricultores encontram homem exausto descrito como esqueleto ambulante
- O passado de Megi e a jornada de 3000 km até Port Hedland
- Ao longo do caminho algo correu mal
- Autobiografia de 2010 com Greg McLean muda a história
- 71 dias de sobrevivência no deserto
- Sem água, bebeu a própria urina e recolheu o orvalho
- Abrigos improvisados contra o calor e o frio
- Abscesso dentário e a decisão de arrancar o dente infectado
- Encontrado em estado de magreza extrema
- O carro e os seqüestradores nunca foram encontrados
- Dúvidas surgem sobre a veracidade
- ABC pagou pela história? Depois veio a revelação de que ofereceu de graça
- A explicação final de Megi e o que isso significa hoje
- Hoje em dia vive em Dubai e lidera uma equipa de construção
Em 2006, agricultores encontram homem exausto descrito como esqueleto ambulante
Em 2006, os agricultores depararam-se com um homem exausto, vagando pela paisagem desértica. Mark Clifford descreveu-o como "esqueleto ambulante". Depois descobriu-se que era Rikki Megi, desaparecido há dez semanas durante uma viagem de Brisbane a Port Hedland.
O passado de Megi e a jornada de 3000 km até Port Hedland
Rikki Megi teve um passado difícil. O seu pai cometeu suicídio quando ele era criança. Depois, ele foi preso várias vezes por agressões de rua e por drogas. Ele esperava que Port Hedland fosse o seu recomeço. Mas para isso precisava percorrer 3000 km por uma região perigosa, incluindo o Deserto Tanami, um dos lugares mais isolados da Austrália. O homem não se deixou intimidar. Partiu numa viagem a bordo de um Mitsubishi Challenger 2001. A estrada devia levar dois a três dias.
Ao longo do caminho algo correu mal
Durante a viagem, as coisas deram um rumo sombrio. Megi não conseguiu lembrar com precisão a sequência dos acontecimentos. Primeiro, afirmou que o carro estragara. Mais tarde, contou aos jornalistas que teria apanhado um aborígene-autoestopista que lhe colocou algo na bebida e o deixou desorientado no deserto.
Autobiografia de 2010 com Greg McLean muda a história
Na autobiografia de 2010, escrita em coautoria com o realizador e argumentista Greg McLean, ele novamente alterou a sua história. McLean é mais conhecido pelo seu filme de terror de 2005, Wolf Creek. Agora, o australiano recordou que, na berma da estrada, avistou três homens. Eles ficaram sem gasolina e pediram para transportar um deles. No trajeto, o autoestopista, possivelmente, dopou-o com alguma substância na bebida ou injetou-lhe droga. Ao acordar, Megi encontrava-se num acampamento dos atacantes. Eles estavam armados, tomaram-lhe os sapatos, mas deram água e não tocaram no dinheiro. No final, eles desapareceram, deixando o homem numa tumba coberta por uma lona preta. Ele acordou com quatro dingos a arranhar o seu corpo.
71 dias de sobrevivência no deserto
Independentemente da sequência real dos acontecimentos, o resultado permaneceu o mesmo. Megi vagou pelo deserto durante 71 dias. Dez dias ele caminhou sob o sol escaldante, tendo várias vezes desmaiado devido ao calor.
Sem água, bebeu a própria urina e recolheu o orvalho
Sem água, ele bebia a própria urina ou recolhia o orvalho matinal. Caçava animais pequenos e comia-os crus, mas por vezes ‘assar’ sapos. Para isso, espetava-os num arame e deixava-os secar ao sol. Disse que assim ficavam «um pouco crocantes».
Abrigos improvisados contra o calor e o frio
Também construiu abrigos temporários para se proteger do calor diurno e do frio noturno. Primeiro utilizou ramos, depois improvisou uma cabana a partir de um antigo comedouro de gado.
Abscesso dentário e a decisão de arrancar o dente infectado
Em determinado momento, Megi desenvolveu um abscesso dentário que poderia ter sido fatal. Mas, para não morrer, arrancou o dente infectado com as chaves do carro.
Encontrado em estado de magreza extrema
Quando finalmente foi encontrado, o homem, com 188 cm de altura, pesava apenas 45 kg (em vez dos 104 kg anteriores). Foi imediatamente levado ao hospital e, após seis dias, recebeu alta. Os médicos observaram que o paciente estava desnutrido, mas não desidratado. O médico que o tratou comentou que o relato de Megi é difícil de confirmar ou refutar devido à rápida recuperação.
O carro e os seqüestradores nunca foram encontrados
O carro de Megi e os seus seqüestradores nunca foram encontrados.
Dúvidas surgem sobre a veracidade
No entanto, a história começou a levantar questões. O Sydney Herald sugeriu que era ficção, duvidando da credibilidade. Relatou-se ainda que Megi tentou vender a sua história para um canal de televisão.
ABC pagou pela história? Depois veio a revelação de que ofereceu de graça
Mais tarde, a rádio ABC informou que ele disponibilizou gratuitamente a sua história. No entanto, antes disso, ele pediu 22 000 dólares australianos. Esse seria o montante que, alegadamente, concorrentes da ABC teriam oferecido.
A explicação final de Megi e o que isso significa hoje
Megi explicou a sua incrível salvação pela vontade de ver amigos e família. Ele declarou: «As pessoas devem entender pelo que passei. Fico mal quando ouço que tudo foi inventado. Antes eu tratava a vida com indiferença, mas agora valorizo cada dia que passa».
Hoje em dia vive em Dubai e lidera uma equipa de construção
Agora ele vive em Dubai e dirige uma equipa de construção. Ele sonha em ajudar a África e acredita que o seu resgate tem um significado profundo. «Penso que fiquei vivo não sem motivo e posso ajudar outras pessoas»