A fibra que pode derrubar peso e regular a glicose como Ozempic — mas apenas em ratos
Um tipo específico de fibra, comum em aveia e cevada, mostrou reduzir gordura corporal e controlar o açúcar no sangue em ratos alimentados com dieta rica em gordura — efeitos semelhantes aos de certos fármacos antidiabéticos. Em comparação, outras fibras estudadas não geraram a mesma perda de peso, mesmo quando modificaram a microbiota. Além disso, menos de 5% dos adultos nos EUA consomem a quantidade diária recomendada de fibra (25–30 g).
In This Article:
O que é beta-glucano e por que ele se destaca entre as fibras
Beta-glucano é uma forma de fibra encontrada em aveia e cevada. É solúvel em água, o que facilita a fermentação pelas bactérias intestinais. Outras fibras, como celulose e amido resistente, são menos solúveis ou insolúveis, o que afeta a forma como são fermentadas e como ajudam na formação de fezes.
O estudo: como foi feito e o que mostrou
Pesquisadores da Universidade do Arizona e da Universidade de Viena testaram várias formas de fibra na mesma coorte de camundongos para comparar efeitos no peso e no metabolismo. Os resultados mostraram que ratos alimentados com beta-glucano apresentaram redução de peso e de gordura corporal já antes da marca de 10 semanas, mantendo-se ao longo de 18 semanas. Além disso, esses animais tinham maiores concentrações de butirato em seus intestinos — um metabólito produzido pela quebra de fibra — que favorece a liberação de GLP-1, o hormônio que muitos fármacos estimulam para aumentar a insulina. Outras fibras testadas, como dextrina de trigo, pectina, amido resistente e celulose, mudaram o microbioma, mas não reduziram o peso.
Como o beta-glucano pode atuar além do GLP-1
Parte dos benefícios da fibra vem da liberação de GLP-1, mas os autores sugerem que existem efeitos adicionais não relacionados aos peptídeos intestinais, como melhoria da barreira intestinal e possível atuação em órgãos periféricos, como o fígado. O butirato pode ter impactos diretos além do sistema digestivo; apesar dos resultados promissores em camundongos, é cedo para extrapolar para humanos.
O que isso significa para humanos e o futuro da alimentação
É cedo para concluir que a beta-glucano terá o mesmo efeito em pessoas; faltam estudos clínicos. A fibra continua sendo a principal fonte de energia para as bactérias intestinais, e a alimentação moderna parece muito baixa: menos de 5% das pessoas consomem 25–30 g de fibra por dia. Suplementos de fibra e alimentos com 'fibra invisível' estão crescendo para suprir essa demanda, mas as fibras são extremamente diversas, então a escolha é importante. O estudo foi publicado no Journal of Nutrition; uma versão anterior do artigo foi publicada em julho de 2024.