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A corrida pelo cérebro global: a China está chegando mais perto dos EUA com 85 cientistas migrando para instituições chinesas desde o ano passado

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Um grupo de pesquisadores de alto nível está migrando para a China em busca de oportunidades. Entre eles está um físico nuclear de Princeton, um engenheiro mecânico que ajudou a NASA a explorar a fabricação no espaço, um neurocientista do NIH, matemáticos renomados e mais de meia dúzia de especialistas em IA. Ao todo, pelo menos 85 cientistas que atuavam nos EUA migraram para instituições chinesas desde o início do último ano, e a maioria dessa migração ocorreu em 2025. Essa tendência é descrita como uma 'reverse brain drain', ou seja, um retorno de talentos para fora dos EUA que pode redefinir o domínio da ciência mundial. Especialistas dizem que esse movimento pode impactar a corrida futura em IA, computação quântica, semicondutores, biotecnologia e hardware militar inteligente, à medida que a China aumenta seus investimentos internos em inovação.

A corrida pelo cérebro global: a China está chegando mais perto dos EUA com 85 cientistas migrando para instituições chinesas desde o ano passado

Quem está partindo e para onde vão

Entre os que deixaram os EUA para trabalhar na China, estão talentos já estabelecidos e emergentes. Eles se juntam a universidades como Fudan e Tsinghua, a institutos de pesquisa e a empresas ligadas ao governo. A mudança é vista como uma oportunidade de moldar novas áreas de pesquisa com recursos de alto nível. Yu Xie, professor de sociologia de Princeton, afirmou que a China está aproveitando a oportunidade apresentada por um adversário percebido, com um surto de recrutamento por programas de pesquisa e treinamento fortalecidos. Uma empresa de recrutamento disse que mudanças nos EUA podem aumentar candidaturas a programas financiados pelo governo chinês, especialmente em áreas como IA, redes e semicondutores.

Quem está partindo e para onde vão

O que está impulsionando a mudança

O que está por trás dessa tendência? Nos EUA, há cortes orçamentários propostos, aumento na supervisão de pesquisas com estudantes estrangeiros e elevação do custo dos vistos H1-B. Ao mesmo tempo, a China intensifica o investimento em ciência e tecnologia, com Xi Jinping ao lado de metas de autossuficiência até 2035. Analistas ressaltam que mudanças como a China Initiative, criada para investigar potenciais violações de propriedade intelectual, geraram incerteza entre pesquisadores de origem chinesa, apesar de relatos indicarem que a China é vista por muitos como uma prioridade de futuro. Editores oficiais na China descrevem o momento como uma oportunidade de ouro para atrair talentos internacionais, enquanto pesquisadores deslizam entre preocupações éticas, tráfego de mensagens políticas e a ambição de manter a independência de financiamento para suas pesquisas.

O que está impulsionando a mudança

Como a China está atraindo talentos: programas, benefícios e vistos

Universidades e agências chinesas têm adotado pacotes atrativos para talentos internacionais. Programas como o Qiming visam inserir especialistas no setor comercial de tecnologia, com foco em semicondutores em Jiangsu, enquanto instituições prometem fundos de pesquisa adicionais, moradia, ajuda à família e suporte financeiro para talentos estrangeiros. Alguns projetos oferecem bolsas de até 3 milhões de yuans (cerca de US$ 400 mil) para áreas como robótica, IA e segurança de redes, com promessas de alinhamento com fundos nacionais. Além disso, o governo expandiu vias de visto, incluindo a nova faixa de visto para jovens talentos de ciência e tecnologia, o que deverá entrar em vigor em outubro. Os programas de talentos na China são parte de uma rede de iniciativas que a comunidade científica local vê como forma de manter pesquisadores de alto nível. Em paralelo, houve introdução de ciclos adicionais de crédito e de bolsas, para atrair destaque internacional.

Como a China está atraindo talentos: programas, benefícios e vistos

Impactos e perspectivas: por que isso importa

A China já está publicando mais pesquisas em revistas de alto impacto, segundo o Nature Index, e suas universidades migraram para o grupo das 50 melhores do mundo. Mas especialistas observam que ainda há um longo caminho para superar os EUA como polo científico dominante, tratando a ciência como uma área que se beneficia da cooperação internacional mesmo em tempos de competição. Dados da National Center for Science and Engineering Statistics indicam que 83% dos chineses que obtiveram doutorados em ciências e engenharia nos EUA entre 2017 e 2019 ainda estavam residindo nos EUA em 2023, destacando a persistência de laços acadêmicos também entre nações. Ainda assim, o clima político e econômico atual pode influenciar decisões de carreira. Pesquisadores ouvidos destacam que manter talentos requer condições estáveis e financiamento suficiente; se os EUA perderem os melhores — para a China ou para a Europa — isso pode ter consequências duras para as universidades americanas. O matemático Yau Shing-tung, que se transferiu para a Tsinghua, alerta para o risco de perder os melhores se o ritmo de investimento não for mantido.

Impactos e perspectivas: por que isso importa