A bruxa nua não é o que parece: no Círculo da Bruxa, Tal, a escultura atrai curiosos e prende almas
Um canto sombrio nas encostas da Harz, na Alemanha, guarda o conjunto escultórico conhecido como Círculo da Bruxa. A obra mais famosa é uma mulher nua, que muitos descrevem apenas pela forma — mas a lenda que a envolve é perturbadora. Segundo o que se conta, a bruxa não espera milagres: ela empurra o último bloco de pedra para fechar o círculo e prender quem ousa entrar. Ao lado, dois companheiros de pedra — um diabo e um homúnculo — parecem convidar os transeuntes a entrarem no círculo, enquanto uma ratazana repousa no ombro da bruxa como amuleto de sorte. Os turistas costumam entrar no círculo e, por superstição, esfregar o nariz da bruxa para trazer boa sorte, mesmo sabendo que o círculo pode não ter saída.
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O que a escultura mostra realmente
Apesar das leituras sobre dualidade e tentação, a composição não está a favor do dualismo. O trio não é uma alegoria abstrata; é uma narrativa concreta em que a bruxa empurra o último bloco para fechar o círculo e prender quem tenta atravessá-lo.\n\nA ideia de que tudo na vida tem uma face oculta fica bem em debates, mas aqui a posição da bruxa aponta para uma ação: o círculo é fechado pela força, não pela contemplação.\n\nCom o círculo completo, a história antiga diz que a presença da bruxa aprisiona a alma de quem fica; ficar dentro é uma ameaça real.\n\nEste não é um tema de redenção ou de escolha moral: é uma cena que se lê como um aviso de que a curiosidade pode ter preço.
Quem são as figuras do trio
Vadélinda, a bruxa, é descrita como a avó de todas as bruxas e domina a cena. Ao seu lado, um diabo, figura do mal segundo a tradição cristã, e, repousando sobre uma das pedras, um homúnculo — criatura reconhecida nos folclores alemães como fruto de alquimia.\n\nEsses dois na pedra parecem convidar os transeuntes a entrar no círculo, enquanto Vadélinda empurra o último bloco para fechar o anel.\n\nA história os coloca como símbolos que, juntos, compõem uma narrativa de atração e perigo, bem distante de uma simples lição de dualidade.
Origens, lendas e a passagem do tempo
A Montanha Brocken, onde fica o Círculo da Bruxa, foi palco de rituais pagãos na antiguidade. Em escavações do século XIX, foi encontrado um altar sangrento utilizado para sacrifícios de animais.\n\nAs lendas sobre bruxas surgem já no século IX, com a chegada dos francos cristãos, que buscaram conter a tradição saxônica.\n\nNa noite de Walpurgis, entre 30 de abril e 1º de maio de 773 d.C., Carlos Magno ordenou que seus soldados guardassem o local e expulsassem qualquer saxônio. Mesmo assim, os saxões, disfarçados de bruxas e demônios, penetraram no local e começaram a dançar, espalhando o pânico entre a guarnição.
Por que a bruxa nua é a mais famosa do parque
Além do Círculo da Bruxa, o parque de Tal oferece outras atrações: uma casa da bruxa invertida, pedras com olhos, árvores que crescem com as raízes para cima e várias esculturas de madeira temáticas.\n\nApesar de toda a variedade, a bruxa nua continua sendo a protagonista da memória local, a imagem que atrai mais visitantes e inspira curiosidade.\n\nAs imagens podem ser ampliadas ao clicar nelas; as ilustrações citadas no artigo vêm de waymarking.com, harzlife.de e wikimedia.org.