A assinatura de vida mais clara já encontrada em Marte — 30 anos de pesquisa chegam ao clímax
A NASA anunciou a descoberta do que acredita ser vida microbiana antiga em Marte, baseada numa amostra coletada pelo rover Perseverance. O novo administrador da agência, Sean Duffy, descreveu a amostra como a 'assinatura mais clara de vida' já encontrada no Planeta Vermelho. Durante uma coletiva de imprensa, a associada da NASA Nicky Fox afirmou: 'Este é o tipo de assinatura que veríamos se fosse feita por algo biológico.'
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As 'poppy seeds' e as 'leopard spots' em Neretva Vallis
Cientistas têm observado manchas incomuns e formas que lembram sementes em rochas antigas de Marte. Essas características, apelidadas de 'poppy seeds' e 'leopard spots', foram vistas em rochas de lama na Neretva Vallis, na Jezero Crater, onde existia um antigo rio há bilhões de anos. O cientista Joel Hurowitz explicou como esses sinais sugerem a presença de vida no passado marciano. Apesar do debate público, os pesquisadores dizem que é necessário coletar mais dados de Neretva Vallis e confirmar os resultados com outros cientistas antes de confirmar que poderia haver vida. "Estamos aqui para dizer que isso é empolgante, e queremos compartilhar essa notícia. Isso pode ser muito real", afirmou o cientista.
O que esses sinais significam: sinais químicos e minerais que lembram vida
As ferramentas do rover detectaram químicos como ferro e fósforo nessas manchas, que podem se formar quando micróbios degradam material orgânico — um sinal de vida na Terra. Desde 2021, o Perseverance tem enviado imagens que revelam cristais deixados pela água antiga na superfície de Marte, bem como uma área avermelhada que continha compostos orgânicos e uma fonte de energia possível para vida microbiana. As rochas coletadas em 21 de julho de 2024, na borda norte de Neretva Vallis, mostram veias brancas de sulfato de cálcio e bandas de hematita, minerais que ajudam a entender a história geológica da região. Duffy ressaltou que o anúncio de quarta-feira representa o culminar de 30 anos de pesquisa sobre Marte e que as descobertas passaram por revisão por pares.
Os próximos passos: retornar amostras, orçamento e o caminho da NASA
Os cientistas estão avaliando como e quando as amostras podem retornar à Terra, com considerações sobre custos e logística. Duffy disse que a NASA está buscando maneiras de agilizar o retorno das amostras, mas que tudo depende de orçamento. Fox acrescentou que, embora haja mudanças de prioridades, o objetivo de trazer amostras não foi abandonado. Durante a coletiva, o tema de missões futuras também foi discutido: Artemis II, com quatro astronautas orbitando a Lua no início do próximo ano, e Artemis III, que deverá pousar e estabelecer uma presença de vida na Lua liderada pelos EUA.
Artemis, Lua e o sonho de colocar pés em Marte
Duffy afirmou que 'vamos voltar à Lua' e que o que os astronautas aprenderem com as missões atuais ajudará a perseguir planos para levar humanos a Marte. Artemis II serve como preparação para Artemis III, que pretende pousar na Lua e estabelecer uma presença estável. O líder da NASA também disse que o foco continuará em etapas, com a possibilidade de pedir mais financiamento para confirmar as descobertas em Marte, se necessário. Este anúncio marca um momento em que a exploração espacial volta a uma estratégia de longo prazo, com a Lua como trampolim para a presença humana em Marte.