10 gigawatts de dados: OpenAI e Nvidia planejam centros que consumirão energia equivalente à de Nova York — e o mundo ainda não está preparado
Nesta semana, a OpenAI anunciou uma parceria estratégica com a Nvidia para construir e operar até 10 gigawatts de data centers dedicados à IA. Não é apenas tecnologia: é energia em escala industrial, capaz de rivalizar com o consumo de uma cidade inteira. A Nvidia investirá até US$ 100 bilhões nesse projeto, e a escala é tão grande que a energia necessária poderia ser equivalente ao consumo da cidade de Nova York. Se confirmado, esse pode ser apenas o começo de uma expansão de infraestrutura de IA cuja pegada energética assusta especialistas e preocupa comunidades locais.
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O anúncio e o que está em jogo
Os planos, anunciados como uma parceria estratégica, preveem a construção e operação de até 10 gigawatts de data centers de IA. A Nvidia deverá investir até US$ 100 bilhões no projeto, posicionando o grupo entre os maiores dedicados à infraestrutura de IA já vistos. Há também o envolvimento de iniciativas do governo: projetos ligados à Stargate, de Donald Trump, poderiam somar mais 7 gigawatts. Isso ampliaria ainda mais a já colossal rede de dados prevista. Além disso, já existe um data center Stargate em Abilene, Texas, que consome energia suficiente para abastecer meio milhão de residências. Cinco novos projetos, segundo estimativas, totalizariam sete gigawatts, integrando uma visão de rede de data centers avaliada em dezenas de bilhões de dólares.
O peso para o planeta
Fengqi You, professor de engenharia de sistemas de energia na Cornell, disse à Fortune: "10 gigawatts é mais do que a demanda de pico na Suíça ou em Portugal. 17 gigawatts é como alimentar os dois países juntos." Andrew Chien, professor de ciência da computação da Universidade de Chicago, é mais direto: "É assustador porque... agora a computação pode representar 10% ou 12% da energia mundial até 2030. Estamos chegando a momentos decisivos sobre o impacto da IA na sociedade." Sam Altman, CEO da OpenAI, comentou: "Everything starts with compute. Compute infrastructure will be the basis for the economy of the future, and we will utilize what we’re building with NVIDIA to both create new AI breakthroughs and empower people and businesses with them at scale." O data center de Stargate em Abilene já demonstra o peso da infraestrutura: ele consome energia suficiente para abastecer meio milhão de casas. Cinco projetos adicionais somarão sete gigawatts, ampliando o espectro desta revolução energética.
O dilema ambiental e as soluções
Este crescimento da infraestrutura de IA traz preocupações ambientais significativas. Embora haja promessas de menor impacto, empresas ainda não atingiram metas ambiciosas de emissões de carbono, e os data centers exigem grandes volumes de água para resfriamento, pressionando recursos locais. O aumento da pressão sobre as redes elétricas pode levar a maiores emissões de CO2, a menos que a indústria encontre uma transição efetiva para fontes de energia renováveis. Alguns especialistas já especulam que, em algum momento, pode ser inevitável recorrer à energia nuclear, o que poderia levar anos para licenciar e construir. "No curto prazo, eles vão depender de renováveis, gás natural e talvez retrofit de antigas usinas", disse Chien.
O que vem a seguir e como reagir
Altman lembrou: "Everything starts with compute" — a infraestrutura de computação será a base da economia do futuro. Esse crescimento traz oportunidades, mas também responsabilidades, especialmente diante da crise climática. Para o público, a lição é clara: o impulso da IA não é apenas inovação; é um desafio público que exige responsabilização de empresas, governos e reguladores para proteger o clima, a água e as comunidades locais. Como Chien pediu, agora é a hora de manter os pés no chão e cobrar responsabilidade. A indústria precisa explicar como pretende crescer sem comprometer o planeta, enquanto a sociedade assiste, participa do debate e acompanha as decisões que moldarão o futuro tecnológico e ambiental.